Caro leitor: volto a esse espaço para lhe passar uma informação – não há guerra que me faça deixar de cozinhar o picadinho de carne com molho vermelho e creme de leite. É uma receita presente tanto em reúnas adolescentes, quanto em jantares enamorados. Acompanhada por arroz e batata palha, a iguaria toma posição próxima a de um assado de costela em tiras (estou sendo generoso). O embargo das poucas palavras russas em nosso idioma é um prejuízo sonoro, me indiquem outros erres tão siberianos, tão guturais, como em strogonoff.
Vem ocorrendo fatos classificados como russofobia. As pessoas estão se afastando de elementos da cultura russa que possam tornar sugestivo qualquer maledicência. Aí que restaurantes tiraram o estrogonofe (agora escrito aportuguesado) de seus cardápios, ou ainda renomearam, chamando o prato de picadinho de carne com molho vermelho e creme de leite. Uma coisa meio sem jeito, mas em tempos de cancelamento…
Já nos bares, vodca continua sendo vodca, por enquanto: — Amigo, por favor, quero uma caipirinha de limão, batida com aguardente de cereais. Pedido muito prolixo para quando se assiste Brasil (PEL) x São Luiz, pelo Gauchão.
Da cultura Russa, o brasileiro levou para o seu vocabulário hábitos alimentares. Pode alguém com mais idade lembrar do futebol científico ou do cosmonauta, mas esses ficaram na lembrança de quem viveu próximo aos anos cinquenta. Não concordo com os boicotes a elementos culturais, nenhum governo é preponderante com unanimidade, o povo russo quer a paz, os povos do mundo querem a paz, Kiev ainda resiste.
246lucian@bol.com.br
Jornalista.
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