O que faz a vida mais feliz – Crônica por Lucian Brum


Ilustração: James Duarte - @james.duarte

Ela entrou na biblioteca carregando o objeto retangular embrulhado em papel pardo. Olhou para os dois lados, procurando com quem havia marcado de entregar a encomenda. O papel pardo continha dobras transversais assim como embrulho de presente, um barbante envolvia em cruz o pacote e suas pontas no centro amarradas em laço, completando ornamento, um buquê com mini flores foi colado com um selo, no qual se lia o nome da autora: Joice Lima.

Das primeiras sílabas cuneiformes até os blogs, a palavra escrita mantém em nós o hábito de imaginar. Da leitura da Epopeia de Gilgamesh em uma tábua de argila até o folhetim Cores Primárias no site Ecult, há uns quatro milênios de histórias e criatividade. Ao longo do tempo as letras foram gravadas em muitos tipos de plataformas, mas o manuseio de virar páginas deu ritmo à leitura, e nos aperfeiçoamos ao livro.

Com um livro na mão nós perdemos a noção de tempo e espaço, percorremos situações fora do senso dos sentidos, embalados pela inexplicável experiência de construir imagens no pensamento. A literatura é um gatilho para imaginação, e a imaginação é um propulsor de satisfação. Ler, certamente, faz a vida mais feliz.

Saí da biblioteca com o pacote ainda fechado e fui até o Leve Café, pedi um americano duplo e sentei na bancada em frente a vitrine. Rasguei o pacote e li o título na capa, De Quatro, uma coletânea de quatro autores pelotenses que comecei a ler pela última parte: “Querida Maria Luz, espero que não se assuste ao ler essas linhas, que foram escritas em circunstâncias ultrassecretas…”.

Texto: Lucian Brum

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