O skate como lazer na cidade de Pelotas – Artigo por Manoel Rocha e Camila Nunes


Foto: Pretéritaurbe

As ruas Três de Maio e Uruguai, na região do Bairro do Porto, foram, muito possivelmente, os primeiros espaços urbanos em Pelotas, a serem apropriados pelos simpatizantes do skatismo.

Por: Manoel José Fonseca Rocha e Camila da Cunha Nunes¹

Nos anos de 1980, o skate já havia se popularizado no Brasil. Igualmente se popularizavam os espaços destinados à sua prática. Pistas foram construídas, e revistas especializadas passaram a fazer parte do mundo do skate. Numa linguagem atual, pode-se dizer que o esporte viralizou no país. Paradoxalmente, enquanto o skate ganhava espaços destinados à sua prática, aos poucos, seus praticantes, num processo de movimento e redescobrimento constante, foram rompendo as fronteiras das pistas, e ocupando espaços urbanos em busca de novos desafios e emoções.

Ruas, praças, corrimãos de prédios, passaram a ser vistos como espaços, potencialmente, inspiradores para novas manobras e desafios para aqueles que desejassem se aventurar e garantir o lazer por meio do skate. Hoje, encontrar alguém deslizando em praças, calçadas, escadarias de prédios, ou, simplesmente carregando um skate no braço, é uma constante. Para alguns praticantes, o skate é considerado um estilo de vida, o que de certa forma, demonstra a sua popularização e o seu caráter democrático. Popularização, porque sua presença nos espaços urbanos é visível. Democrático, porque pode ser acessível a todas as classes sociais, pois existem skates de várias marcas e preços.

Sua prática “outdoor”, num processo desvelador, (re) significa o espaço urbano. Na cidade de Pelotas, localizada na região sul do Estado do Rio Grande do Sul (RS), em meados da década de 1970, a prática do skate teve início nos espaços urbanos reinventados por uma juventude sequiosa em desenvolver suas práticas de lazer sobre um pedaço de tábua em cima de quatro rodas.

(skate anos 80 – Vídeo: Luiz Schaun)

As ruas Três de Maio e Uruguai, na região do Bairro do Porto, graças as lombadas existentes, registra-se, bem íngremes, foram, muito possivelmente, os primeiros espaços urbanos em Pelotas, a serem apropriados pelos simpatizantes do skatismo. Um lazer por meio do skate, com um certo “toque” identitário, que mais tarde se materializaria em “tribos urbanas” que frequentariam a primeira pista pública construída no município. O lazer, a partir do skate, garantia a descontração e a adrenalina.

Pista de skate conhecida na época por “Panelão” pelo formato da pista, antiga Praça Julio de Castilhos mais conhecida como Praça dos Macacos, atual Parque Dom Antonio Zattera. Foto de 1986. Construída no início da década de 80 no mandato de Irajá Rodrigues e destruída no segundo mandato de Irajá Rodrigues em 1995.
Foto: Bétto Fagundes Fonte: Pretéritaurbe

Com o passar do tempo, outros espaços foram (re) significados para a sua prática, e pistas públicas e privadas foram criadas. A exemplo, a construção da lendária pista pública de Pelotas – o “panelão”, erguida no ano de 1979, e considerada, ao lado das pistas Swell Skate Park (Viamão – RS) e a Pista (snake) no Parque Marinha do Brasil, uma das mais antigas pistas de skate do Rio Grande do Sul. Pelotas registrava sua presença no cenário do skatismo gaúcho. Mais tarde, num processo de territorialização, (re) significação e utilização dos espaços urbanos, outros espaços foram ocupados e pistas foram construídas pelo interior do município.

Um “salve” ao skatismo pelotense!

¹ Ambos autores são professores universitários. O texto faz parte de um projeto de pesquisa para tese de doutorado que vai abordar – “O processo de territorialização da prática do skate entre os anos de 1975 a 2005, em Pelotas”.

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