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O mês de fevereiro começou com uma denúncia bombástica no mundo da fotografia. O documentário The Stringer(2025), que estreou no Festival de Sundance, na Califórnia, trouxe o argumento de que a icônica fotografia “Garota de Napalm” foi creditada ao fotógrafo errado. O fotojornalista Nick Ut ganhou um prêmio Pulitzer pelo registro da cena marcante da Guerra do Vietnã. No entanto, cinquenta anos depois, outro fotógrafo surgiu reivindicando a autoria da imagem.
O filme apresenta uma entrevista com Carl Robinson, editor que trabalhava no escritório da AP em Saigon no dia em que a imagem foi captada. Na entrevista, ele afirma que o chefe de fotografia, Horst Faas, ordenou que ele escrevesse a legenda da fotografia atribuindo-a a Nick Ut. Depois dessa entrevista, os realizadores conseguiram identificar o nome do fotógrafo freelancer vietnamita, que aparece em outras fotos do mesmo dia: Nguyen Thanh Nghe. Nguyen afirma ter certeza de que foi ele quem tirou a fotografia que ficou conhecida como “Garota de Napalm’’.
O fotojornalista Nick Ut, a AP e Horst Faas negam as denúncias e afirmam que será aberta uma ação por difamação contra os realizadores do filme.
A fotografia mais marcante da Guerra do Vietnã mostra um grupo de pessoas fugindo de um ataque de napalm. Entre elas, a garota Phan Thi Kim Phúc, de nove anos, que corria nua, após tirar suas roupas que estavam em chamas. A imagem foi amplamente divulgada pela imprensa internacional e se tornou um símbolo do custo humano dos ataques, influenciando a opinião pública, principalmente nos EUA, a protestar pelo fim da guerra.
Na Guerra do Vietnã (1955-1975), os EUA investiram bilhões de dólares para conter a expansão do comunismo no Sudeste Asiático, ampliando seu envolvimento militar no Vietnã do Norte, no Laos e no Camboja. Acompanhando um exército americano bem estruturado, muitos jornalistas estiveram na linha de frente, registrando as operações militares. Foi o conflito mais documentado do século XX, e ficou conhecido como “a guerra do fotojornalismo”.
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Jornalista.
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