Como era gostoso o meu jornal – Crônica


O Jornal do Brasil foi o primeiro dos jornalões brasileiros a deixar de circular em versão impressa, após 119 anos de banca. Na época houve grito, lamento, esperneio, foi publicado páginas e páginas de artigos ponderando a perda para democracia de um agente que ajudou a construir a consciência do país, etc., etc. Nada adiantou. O jornal ainda teve uma sobrevida, mas a muito tinha deixado de ser o JB de Evandro Teixeira, Alberto Dines, Zózimo, Millôr, genialidade e guaraná com rolha.

O Diário da Manhã também encerrou sua circulação impressa. Aqui o chororô foi menos ruidoso, mas teve: políticos, empresários, jornalistas e a população local foram às redes sociais deixar sua mensagem de despedida para o concidadão. No entanto, à boca miúda, o DM era bombardeado de críticas. Muitas críticas maldosas, a maioria construtiva, pois o processo de comunicação é de mudança ininterrupta, acelerado, e o DM mantinha uma simpatia do século vinte.

Está certo, o jornalismo é serviço essencial: “pilar básico da democracia e um motor rumo aos avanços da sociedade”, como foi escrito em editorial no Diário Popular (1/12). Mas se o jornalismo profissional não entregar um conteúdo que desperte o interesse dos leitores, vai ficar chupando dedo em frente ao oceano de informações da internet.

Para um jornal ser lido, ele precisa ser bem escrito. Ninguém frequenta um restaurante em que a comida é mais ou menos. Quando um time de futebol cai para segunda divisão, o público diminui no estádio. É preciso que o conteúdo faça valer o investimento do assinante, do freguês da banca, do anunciante parceiro. Também entendo que solucionar essa equação, com o modelo de negócio que enfrentam empresas de comunicação, é que são elas. Tem de ter gana. Triste é ficar com a lembrança de como era gostoso o meu jornal.

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