O dicionário Oxford veio nos lembrar o nascer do sol no Laranjal – Crônica


A internet surgiu com a esperança de aproximar as pessoas e qualificar o debate social. Nos anos noventa, o sociólogo Pierre Lévy escreveu que o mundo virtual democratizaria o conhecimento, promoveria a comunicação contínua e, quem sabe, melhoraria o convívio entre as nações. Até certo ponto, isso de fato aconteceu. Como estamos habituados, as plataformas que hoje conectam a população mundial são conhecidas como redes sociais.

As redes sociais revolucionaram as relações interpessoais. Lembro que um dos benefícios iniciais foi permitir que as pessoas se reencontrassem: amigos que se mudaram para outros estados, parentes desaparecidos, colegas que estudaram juntos há mais de trinta anos conseguiram se conectar — de graça — e compartilhar notícias de suas vidas. Contudo, há um lema cyberpunk (hoje atribuído ao documentário O Dilema das Redes) que afirma: “Se você não está pagando pelo produto, o produto é você”. A grande inovação mercadológica das empresas do Vale do Silício está na coleta massiva de dados, aliada à publicidade direcionada.

Com o avanço do mundo digital, o smartphone levou a internet para o bolso das pessoas, e as redes sociais evoluíram de um espaço de conversa para plataformas de compartilhamento de conteúdo. Atualmente, essas redes mantêm a atenção dos usuários com timelines de rolagem infinita, estimulando um alto consumo. Como consequência desse hábito, surgiram problemas de saúde. Estudos apontam que o uso excessivo de redes sociais, especialmente entre os jovens, reduz a curiosidade por exercícios intelectuais e, consequentemente, o interesse pelos estudos.

A palavra do ano escolhida pela Oxford University Press é “Brain Rot”, que significa “deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa”. Atualmente, a expressão é usada para descrever a patologia causada pelo consumo excessivo de conteúdo trivial online. Porém, o termo apareceu pela primeira vez no livro Walden ou A Vida nos Bosques, do filósofo americano Henry David Thoreau, um transcendentalista que buscava, em meio à natureza, “reduzir a vida ao essencial”. Entretanto, não é necessário se mudar para o mato, mas neste verão, passar um tempo com a família aproveitando a natureza pode ser uma experiência interessante. Em Pelotas, não temos o lago Walden, mas contamos com a Laguna dos Patos e um nascer do sol deslumbrante na praia do Laranjal. 

P.S.: Não se esqueça de levar o celular, gravar tudo e publicar nas redes – eu também quero ver. 

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