A edição anual do principal evento do Coletivo Autores de Pelotas (CAP) prevê atividades na colônia e Três Vendas e vai oferecer uma tarde para crianças (com acessibilidade e inclusão).
Desde 2019, quando foi criado, o Coletivo Autores de Pelotas (CAP) promove um evento anual, de três dias, para celebrar a literatura e a produção literária local. O “Festim de Maio” deste ano precisou ser transferido, devido às inundações que atingiram o município em maio, e acabou se transformando, excepcionalmente, no “VI Festim de Primavera #EuLeioPelotas – Porque é tempo de florescer”.
“O slogan ganha duplo sentido ao fazer referência à estação do ano e também à necessidade da cidade se recuperar dos danos causados pelas inundações”, explica o escritor Luis Kurz, da Comissão Festim, que organiza o evento. São seis atividades ao longo dos dias 11, 12 e 13 de outubro, em uma programação gratuita e aberta ao público.
A edição conta com o lançamento da primeira coletânea infantil do CAP, o “Poção Literária”; um evento para crianças, com acessibilidade e atividades literárias inclusivas; e também leva literatura para duas comunidades: uma quilombola e uma religiosa.
“Como esse ano estamos estreando o nosso #EuLeioPelotasparaCriancas, com o lançamento da primeira coletânea infantil do CAP, o ‘Poção Literária’, planejamos uma programação especial voltada aos pequenos e escolhemos como tema geral do Festim o resgate da criança que existe em cada um de nós”, explica Silvia King Jeck, da Comissão Festim.
“A ideia é buscar, com as crianças, aquela alegria de brincar, sem o peso das preocupações com boletos, frustações acumuladas e a correria da vida adulta. Precisamos lembrar daquela crença de que tudo é possível, daquela coragem de se lançar sem pensar demais…”, pondera Joice Lima, uma das mentoras do CAP e que ministra na segunda noite do evento a oficina “A luz da criança em mim”, dentro da imersão criativa “De luz e sombras”.
Na Colônia
Na tarde de sexta-feira (11), se não estiver chovendo, um grupo de escritores fazem o “Sarau da Mudança” na Associação Quilombola do Alto do Caixão, no 7º distrito de Pelotas (Quilombo). “Os quilombos começaram a se formar na colônia de Pelotas em 1830 e hoje a comunidade conta com 154 famílias. Embora o Alto do Caixão seja um importante local de memória dos povos rurais negros, por estar distante da cidade, poucos eventos culturais chegam a esta comunidade periférica. Por isso, pensei em levarmos o nosso Festim até ela, para mostrar um pouco da nossa literatura e intercambiar culturas”, conta a escritora Marciele Goetzke, que fez “a ponte” entre o CAP e a comunidade quilombola. A proposta foi muito bem recebida pelo líder do quilombo, Charles Dias.
Crianças X Inclusão
Mais uma vez, o Festim conta com apoio do Studio Atores de Pelotas (SAP) e da Prefeitura, por meio da Secult/Theatro Sete de Abril. No sábado, 12 de outubro, Dia da Criança, das 10h às 14h, os escritores ficam na banca do CAP no Mercado das Pulgas, pela rua XV de Novembro, comercializando os livros dos integrantes com desconto de 10% ou mais e conversando com os leitores.
Mais tarde, das 15h às 17h, ocorre um evento especial para as crianças: o “Caminho das Cores”. Ao longo de diversas salas do andar térreo da Casa Dois (a sede da Secult fica Praça Cel. Pedro Osório, 2, esquina com Lobo da Costa; a entrada será pela lateral, quase na frente do Theatro Guarany), o evento infantil convida os pequenos a percorrer um trajeto que passa por quatro salas coloridas, com uma atividade literária diferente em cada uma, todas inspiradas no livro “Poção Literária”, até chegar no pátio, quando a programação é encerrada com a apresentação de um esquete teatral.
No pátio, antes da apresentação, as crianças tem a companhia de duas palhaças: “Ernesta e Teresa no mundo da alegria”, com Marcela Busetti e Dayana Cañon. Às 16h30min começa a apresentação de “As bruxinhas que eram más”, que encerra o “Caminho das Cores”. O texto de Karen Schiller, que também assina a direção, é encenado por atores das turmas Kids e Juvenil do SAP.
“As crianças são o brilho da nossa Kacha Preta, o nosso espaço na Tablada, onde fica a sede do Studio Atores. Nossos atores mirins estão todos ansiosos por essa apresentação”, diz Karen. O evento tem acessibilidade para cadeirantes e duas salas terão atividades para contemplar crianças surdas e cegas.
Poção Literária
Às 17h30min de sábado ocorre o lançamento da coletânea infantil “Poção Literária – Histórias e poemas para despertar o prazer da leitura”, primeira edição do Coletrinhas – Caderno Literário Infantil (o objetivo é fazer uma sequência), com sessão de autógrafos coletiva dos escritores que integram o livro, que é composto de 12 histórias e dois poemas para crianças de até 12 anos. Ao mesmo tempo, Joice Lima lança “O menino brilhante” e Carmen Jara, “A Mentira do Canteiro Mágico”.
O “Poção Literária” integra o #EuLeioPelotasparaCriancas, um projeto que disponibiliza o livro gratuitamente no blog do grupo (euleiopelotas.blogspot.com) para que professores possam trabalhar os textos em sala de aula, e depois o autor vai até a escola para fazer uma atividade com os alunos.
Na semana de 8 a 11 de outubro, ocorre a Mostra Literária organizada pela Secretaria de Educação e Desporto (da Smed) e diversos autores foram convidados a visitar as escolas em que suas histórias e poemas foram trabalhados.
Uma noite “De luz e sombras”
Foto: Laureano Bittencourt
Às 22h de sábado, começa a imersão criativa “De luz e sombras”, no Theatro Sete de Abril, parceiro do CAP na atividade. Serão três oficinas de relaxamento e estímulo à criação literária para futura publicação coletiva. A proposta é que cada participante escreva dois textos (contos/poemas/crônicas/esquete teatral/etc.), que irão integrar um livro, a ser publicado em 2025.
As oficinas serão apenas o ponto de partida para a produção literária; os participantes terão prazo de dois meses para a entrega dos textos finais: 15 de dezembro de 2024. Para participar da imersão é preciso ter no mínimo 18 anos e fazer a inscrição (gratuita) preenchendo o formulário disponível na bio do Instagram @euleiopelotas ou disponibilizado pelos integrantes do grupo – as vagas são limitadas.
As oficinas se estendem até 1h30min, com pausa à meia-noite para lanche coletivo, cortesia do CAP. A entrada é pelo Calçadão da XV de Novembro, 560 (ao lado da loja França). Os participantes recebem certificado (3,5 horas).
Programação da Imersão Criativa:
Oficina 1 – “Vivência de Palhaçaria”, ministrada por Marcela Vargas Busetti.
Oficina 2 – “A luz da criança em mim”, ministrada por Joice Lima.
Oficina 3 – “Explorando a face sombria de seu personagem”, ministrada por Marciele Goetzke.
CAP na comunidade
Às 16h de domingo (13), o CAPela Encena encerra o VI Festim de Primavera, no salão paroquial da Comunidade Católica Nossa Senhora Medianeira (avenida General Abreu e Lima, 356), nas Três Vendas. Estudantes da turma adulta de teatro do SAP fazem uma leitura dramática da esquete teatral “A Volta do Meu Guri”, uma adaptação de Charlie Rayné da parábola do Filho Pródigo.
“Essa versão é ambientada no Rio Grande do Sul e trabalha questões dos momentos de luz e de sombras na caminhada das nossas vidas, tema deste Festim. A proposta do CAPela é levar literatura e teatro também a instituições religiosas. Nesta edição, estaremos em uma comunidade católica, mas poderia ser de qualquer religião”, pondera Charlie.
Em cinco anos e meio de história, o CAP realizou mais de 120 atividades. Atualmente, o grupo conta com vinte escritores, com idades de 28 a 83 anos, e nas redes sociais se apresenta como Eu Leio Pelotas (Instagram, Facebook e Canal no Youtube).
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Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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