Richard Serraria lança Projeto cultural Sopaporiki em Pelotas e Rio Grande


Aquarela Diego Dourado

O território sagrado do sopapo retumba poesia com o grave e inconfundível som. A junção de duas palavras de troncos linguísticos distintos e ao mesmo tempo povos negros conformadores da cultura no Rio Grande do Sul formam Sopaporiki, nome do mais recente projeto artístico do cancionista, músico, pesquisador e poeta Richard Serraria.

Foto: Angelo Primon

É a partir do sopapo, instrumento intimamente ligado à história da população negra do Rio Grande do Sul que poemas sobre orixás ganham protagonismo em livro impresso, eBook e audiobook.

O inovador projeto cultural carrega a cosmogonia do tambor negro sul riograndense e conta part da origem, os princípios e as doutrinas dos doze orixás do Batuque de Nação Oyó Idjexá no sul da Pachamama (América do Sul). O projeto também expressa a urgente necessidade de incorporação das poéticas africanas e dos povos originários ao corpus da Literatura Brasileira.

De acordo com Richard, que já possui uma longa estrada e conexão com a literatura, sendo escritor e doutor em Literatura Brasileira, a forte presença do plurilinguismo da língua “Pretuguesa” falada no Rio Grande do Sul, com elementos da língua iorubá e das várias línguas bantas atestam a amefricanidade – termo alcunhado pela intelectual negra Lélia Gonzales ao referir-se à diáspora e à experiência indígena contra a dominação colonial.

Foto: Alass Deriva

O protagonismo do sopapo com a presença da região sul se encontra em versos que remetem à resistência de Manoel Padeiro, a importância do CABOBU, da família Baptista (Mestre Baptista, Dona Maria Baptista e Zé Baptista), Giba Giba, tia Maruca, bairro Areal, canal São Gonçalo, Dunas, Marambaia e Três Vendas. Serraria conta que a relação de afeto e respeito pelos solos sagrados da região sul se deu desde o CABOBU, em 2000, com realização de shows em diversos espaços culturais e a imersão em Pelotas por alguns meses para a realização do documentário O GRANDE TAMBOR (Catarse/Iphan).

“A importância da presença negra na construção do Rio Grande do Sul está representada no Sopapo e sendo assim, seguir com tal tambor em minhas ações é reconhecimento à contribuição negra e elemento político portanto”, disse. Recentemente, Serraria também foi um dos convidados da edição do Salve Arte Festival, realizado pela Casa do Tambor.

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O ativista cultural e um dos fundadores da RádioCom, Glênio Ríssio, destacou a importância do trabalho de Richard com a cultura afro-gaúcha: “É fortemente presente o comprometimento e a potência da pesquisa, além do trabalho artístico de Richard. É, sem dúvidas, uma grande referência para todos nós, despertando a fundamental importância cultural do nosso sul negro”, declarou Glênio que conheceu o cancionista no Fórum Social Mundial, em 2002 em Porto Alegre.

Vozes femininas negras e indígenas
A presença feminina se faz muito presente em todo o projeto e reflete sobre a dimensão de gênero dentro da história do sopapo. “O Sopapo também teve uma história essencialmente masculina no século XX e acrescentar essa potencialidade feminina ao âmbito de utilização do Sopapo hoje foi elemento SULeador sem dúvida de minha parte”, disse o autor.

O audiolivro conta com 15 vozes femininas negras e indígenas que apresentam os neo-orikis, sob a batida dos tambores do grupo de percussão negro sul riograndense Alabê Ôni, contando com Ediane Oliveira e Iyá Sandrali, de Pelotas, além de: Eliana Mara Chiossi (RJ), Auristela Melo (RS), Mirian Alves (SP), Ana Lira (PE), Viviane Juguero (RS), Ana dos Santos (RS), Vângri Kaingáng (RS), Julie Dorrico (RO), Aline Gonçalves (RS), Andréa Cavalheiro (RS), Cristal Rocha (RS), Mérida Sekel (Argentina) e Nosta Mandlate (Moçambique).

Cartaz Divulgação

Live de lançamento
No sábado (27/03) está marcada uma live que será a primeira de uma série de encontros e diálogos sobre o projeto. Desta vez a literatura será o destaque, com leituras e percepções sobre o livro que acompanha o projeto. Contará com a participação de Richard Serraria (idealizador, autor e tamboreiro do Sopaporiki) e da professora de Literatura da FURG, Luciana Coronel. A ação terá mediação de Ediane Oliveira (jornalista e convidada do audiobook), contando também com participações de convidados leitores do livro.
A transmissão será ao vivo, às 18h, pela página da Escola de Poesia: www.facebook.com/escoladepoesia

Para ouvir, ler e sentir
O áudiolivro está disponível nas redes oficiais de Richard Serraria, podendo ser ouvido gratuitamente nas plataformas virtuais: Anchor, Soundclound e Youtube.
O livro, que é editado pela Escola de Poesia, com curadoria da poeta Eliane Marques, tem prefácio de autoria de Eliana Mara Chiossi, escritora paulistana radicada no Rio de Janeiro e pode ser adquirido em Porto Alegre através da Livraria Taverna ou pelo site: Ou pelo site: livrariataverna.com.br
Encomendas podem ser feitas diretamente pelo whats da Escola de Poesia: 51 9171-7788.

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Aquarela Diego Dourado

Fonte: Ediane Oliveira

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