Seleção conta com 145 obras, divididas em seis mostras, com cinco world premières, oficina, seminário e debates em programação totalmente gratuita que ocupa seis espaços da cidade
Evento ocorre de 14 a 23 de fevereiro com entrada franca e é realizado com recursos da Lei Complementar nº 195/2022, Lei Paulo Gustavo, apresentado pelo Ministério da Cultura. Financiamento Iecine, Pro-Cultura e Secretaria da Cultura do Estado do RS
O 15º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira ocorre entre os dias 14 e 23 de fevereiro, com seis mostras, 145 obras, cinco delas estreias internacionais, seminário, oficina, debates e o artista Luiz Roque como artista convidado. Toda a programação é gratuita e ocupa diferentes espaços culturais da cidade, como a Cinemateca Capitólio, Goethe-Institut Porto Alegre, Cinemateca Paulo Amorim, MACRS – Galeria Sotero Cosme, Casa de Cultura Mario Quintana e Casa Baka.
As obras se dividem em seis mostras: Competitiva Brasil, Outros Esquemas, Audiovisual em Curso, Acessível, de Acervo e Artista Convidado – Luiz Roque. A primeira delas, a Competitiva, atraiu um total de 675 inscritos, com 49 obras escolhidas para integrar a principal programação do festival. Foram mais de 282 horas de material avaliadas e selecionadas pelo time de curadores formado por Dirnei Prates, Kamyla Belli, Jaqueline Beltrame e Ramiro Azevedo.
Abrindo a programação, na sexta, 14 de fevereiro, a Cinemateca Capitólio recebe a exibição de Clube Amarelo, de Luiz Roque, artista convidado desta edição e que foi desenvolvido durante a residência artística na Fundación Ama Amoedo (Uruguai) e terá a sua estreia nacional durante o evento.
Repetindo o sucesso de 2021, a organização do festival segue com a proposta do Caderno de Artista para a Mostra Competitiva Brasil. São diversos conteúdos que serão construídos em parceria com cada um dos selecionados e estarão disponíveis em um ambiente digital criado para cada participante. “O Caderno de Artista é um espaço que concentra referências artísticas, entrevistas, informações, imagens, playlists, e que convidam o público a ter uma maior compreensão do universo de cada artista”, declaram Jaqueline Beltrame e Ramiro Azevedo, organizadores do CEN, que celebra em 2025 22 anos de sua primeira edição.
A seleção da competitiva conta com 16 projetos assinados por duos ou grupos, 24 realizadoras, 33 realizadores, além de artistas trans e não bináries. Temáticas como memória e história, identidade queer, exploração da natureza, territorialidade, laços familiares, protagonismo trans, empoderamento da negritude, ocupações políticas e territoriais, nova memória da presença indígena e negra no imaginário brasileiro, direitos humanos, saúde mental, entre outras, pautam os títulos selecionados a partir de 17 Estados brasileiros, e oito produções assinadas por brasileiros realizadas no exterior (ou em coprodução internacional).
A Mostra Competitiva Brasil traz cinco premières mundiais na programação: Afluente (Frederico Benevides), Buraco Negro (Rafael Spínola), Ensaios para o Fim (André Severo), O lugar por onde a água corre (Camila Leichter; coautor Mauro Espíndola) e Joia Muscular, (Jonathas de Andrade). Columbófilos, também de Jonathas de Andrade, fará sua estreia nacional.
Buraco Negro, de Rafael Spínola, marca sua estreia no circuito de festivais na programação do CEN. Já Frederico Benevides, que em 2021 participou da seleção com Performatividades do Segundo Plano (Frederico Benevides e Yuri Firmeza) e em 2018 com 26 postais contam a história de uma amizade de 30 anos, traz para o evento a estreia de Afluente. Através da investigação de dois acervos – um de 16000 fotografias da Companhia Hidrelétrica do São Francisco sobre a construção das primeiras hidrelétricas no leito do rio (anos 1940-60) e outro pertencente ao produtor Isaac Rozemeberg, que filmou o São Francisco entre 1940 e 1980 – Afluente pretende discutir o processo de transformação do rio, esse ente complexo com milhares de camadas em uma mirada que privilegia seu entendimento apenas como fonte de recursos, com centralidade na energia elétrica.
Jonathas de Andrade, que ocupou o Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza de 2022 e já esteve na programação do CEN com O Peixe em 2018, apresenta a estreia de Joia Muscular. Já Columbófilos integrou a exposição “Sobrevoo”, resultado de uma residência artística na cidade do Porto em 2023, além de ter sido exibido no festival de Curtas Vila do Conde IFF em Portugal. Ensaios para o Fim é uma videoinstalação inédita do artista André Severo, que reúne monitores de televisão – de diversos tamanhos, modelos e formatos – com pequenas passagens em loop de cenas de explosões de bombas atômicas na Segunda Guerra Mundial ou em testes durante a Guerra Fria. Para a exibição no Cine Esquema Novo, a instalação ganhou uma versão para a sala de cinema que, além dos televisores dispostos no ambiente, conta também com um filme-colagem de 60 minutos que será projetado na grande tela, criando uma atmosfera contraposta de caos e beleza.
Camila Leichter e Marcela Ilha Bordin, que foram as vencedoras do Grande Prêmio Cine Esquema Novo 2018, com A Casa e Princesa Morta do Jacuí, voltam à programação com O lugar por onde a água corre (Camila Leichter; coautor Mauro Espíndola) e Sertão, América (Marcela Ilha Bordin). O lugar por onde a água corre é um filme experimental, rodado durante as enchentes de 2024, que reúne pesquisa colaborativa, produção de arquivo e ensaios audiovisuais com o Arroio Serraria, apresentando uma trajetória poética de um corpo d’água, suas margens, seres, materialidades, fenômenos e imaginários. “A enchente de 2024 transformou o processo do filme. A gente é muito afetado pelo convívio com o arroio, mas este ano foi extremo. Temos um arquivo de enchentes desde 2014, mas desde 2023 a coisa virou”, revela. Já Sertão, América, é um registro no sertão do Piauí, onde desenhos rupestres desafiam a teoria corrente de como o homem entrou na América.
A lista também integra títulos como O Milagre de Helvetia e Roma Talismano, de Guerreiro do Divino Amor, artista participante da última Bienal de Veneza, contemplado com o Prêmio Pipa 2019 e que participa pela quarta vez do festival. Em 2019, o público pôde conferir Supercomplexo Metropolitano Expandido e A Cristalização de Brasília; já em 2021 foi a vez de O Mundo Mineral. Sexto capítulo do Atlas Mundial SuperFiccional, O Milagre de Helvetia investiga a Suíça como constructo alegórico de beleza, riqueza e perfeição e foi exibido na Bienal de Veneza de 2024 e no Centro de arte contemporânea de Genebra. Já Roma Talismano, sétimo capítulo do Atlas Superficcional Mundial, explora Roma como talismã moral e estético do ocidente. A obra foi produzida como instalação para o pavilhão da Suíça na Bienal de Veneza, e uma versão em filme foi produzida para a Bienal de Bangkok.
Dona Beatriz Ñsîmba Vita, de Catapreta, é livremente inspirado na história da heroína congolesa Kimpa Vita. O filme já foi exibido em 30 festivais nacionais e internacionais, como Festival de SUNDANCE 2024, 60th Chicago International Film Festival e 25th Buenos Aires International Independent Film Festival (BAFICI), onde recebeu o prêmio de Melhor Curta-Metragem Latino Americano, além de prêmios no 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, III AFRONTE – Festival de Cinema da Diversidade Sexual, Racial e de Gênero, 31º Festival de Cinema de Vitória, 14º Festival Internacional de Cinema Animage, 34º Cine Ceará e 26º FestCurtasBH. O realizador já participou do CEN, em 2008 com O Céu no Andar de Baixo.
Victor Di Marco e Márcio Picoli participaram da edição de 2021 com O que pode um corpo?, obra que integrou a Mostra Outros Esquemas. Em 2025, a dupla apresenta Zagêro, um curta-metragem que investiga os limites do sublime, do humor e do exagero para se falar sobre deficiência e direitos. Mesclando música, poesia e dança, a obra exalta a potência e subversão de corpos com deficiência. “Escancarando a história DEF invisível e profetizando que somos muito além de uma sigla, o projeto conta com todas as direções com pessoas com deficiência”, revelam os realizadores. Zagêro já participou de festivais como Festival Internacional de Curtas de SP – CURTA KINOFORUM, Festival Internacional do RJ – Curta Cinema, Festival de Cinema de Gramado, entre outros.
Animais noturnos, de Indigo Braga e Paulo Abrão, traz a história de Mutante, uma travesti de mais de 100 metros que mora no Rio de Janeiro e, diferentemente de um kaiju que busca por destruição e vingança, convive em relativa harmonia com seu entorno. O curta-metragem assume a existência trans enquanto uma experiência mágica e pós-humana, posicionando seu protagonismo na formação do espaço urbano carioca, em especial, no centro da cidade, onde o filme e sua monstra se instalam. A dupla de diretores afirma que a obra tem como objetivo promover a reflexão sobre os lugares ocupados por corpos LGBTQIAPN+ na cidade, que não podem ser restritos às suas existências noturnas.
A Mostra Competitiva Brasil conta com projetos de mais nomes que já estiveram em outras edições do festival, Mar de Dentro, de Lia Letícia, conta a história de Sérgio Lino dos Santos, ex-detento de Fernando de Noronha. Perpassando as colonialidades, das ditaduras de Vargas e de 1964 até a atualidade, a obra busca um registro poético e político da história do que não foi revelado, mas persiste e perdura na contemporaneidade. Lia já esteve nas edições de 2021 e 2019 do festival, com as produções Per Capita e Thinya.
Para a diretora do CEN e integrante do time curatorial, Jaqueline Beltrame, a seleção apresenta uma característica da curadoria do festival, que se repete ao longo das edições: “buscamos conhecer novos trabalhos e artistas, assim como acompanhamos a produção dos artistas que já integraram diferentes edições do Cine Esquema Novo”, declara. “É muito interessante, tanto para a curadoria, quanto para o público, acompanhar trajetórias através do festival. Desta forma, o CEN colabora com a conexão dos artistas e os espectadores, afirma.
Aquele que viu o abismo, de Gregorio Gananian e Negro Leo, é uma ficção científica noir, vencedora do Prêmio de Melhor Filme da Mostra Olhos Livres da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Com grande parte das cenas gravadas na China em 2019, durante uma residência artística, o filme “primeiro teve os personagens e performances criadas, para então construirmos o roteiro”, afirma Gananian. A Última Valsa, segundo curta do projeto ‘Poemas cinematográficos’ de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet, também integra a seleção.
Já O Cavalo de Pedro, de Daniel Nolasco, é um mockumentary sobre os mitos relacionados ao cavalo que Dom Pedro I montava no dia do “Grito da Independência” em 1822. A imagem do animal foi imortalizada na pintura “Independência ou Morte”, de 1888, do artista brasileiro Pedro Américo. Na pintura em óleo sobre tela, Dom Pedro está às margens do Ipiranga rodeado por seu exército, com a espada levantada e declarando a independência do Brasil. No centro da tela, Dom Pedro está montado em um cavalo alazão rajado que fazia parte da cavalaria real. Conta-se que Dom Pedro gostava tanto do animal que teria lhe dado um cargo de funcionário público no Império Brasileiro. Tendo como guia o romance de Paulo Setúbal, As Maluquices do Imperador, o filme propõe uma leitura queer sobre o momento da independência brasileira e sobre Dom Pedro I. Esta é a terceira participação de Nolasco no festival, que em 2018 integrou a programação com Sr. Raposo, e em 2021, com Vento Seco.
Oração, de Haroldo Saboia, é um filme-canto: duas musicistas e um bailarino elaboram a relação entre memória diaspórica afro-brasileira e a canção popular, sobretudo o samba. Com uma montagem fragmentada, improvisações musicais e proposições de dramaturgia com textos e falas de poetas como Edimilson de Almeida Pereira, Aimé Cesáire, Lucille Clifton, Gilberto Gil, Zé Keti e Nelson do Cavaquinho.
Para Lota, de Bruno Safadi e Ricardo Pretti, é um filme de pandemia. Foi rodado em 2020, à noite, com uma cidade completamente deserta. A obra apresenta um travelling de 7 km, a 120 quadros por segundo dentro de um carro a 15 km por hora, resultando em uma tomada de 1 hora e 25 minutos de duração, de ponta a ponta de Parque do Flamengo – segundo maior parque urbano do mundo e joia do paisagismo e da arquitetura brasileiras. Seu som é constituído por 14 cartas de sua criadora, Lota de Macedo Soares, para o então prefeito do Rio de Janeiro, o famoso político Carlos Lacerda. Safadi e Pretti se conheceram no Cine Esquema Novo em 2008.
Urban Solutions, uma coprodução entre Brasil e Alemanha, assinado pela Pátio Vazio e Cine Copains, foi filmado inteiramente na cidade de Porto Alegre em 16mm colorido e finalizado no LaborBerlin. Com direção de Arne Hector, Luciana Mazeto, Minze Tummescheit e Vinícius Lopes, o filme foi selecionado para a competição internacional do festival de Roterdã, e estreou no Cinéma du Réel – onde foi agraciado como melhor curta da competição internacional. No elenco, Ivo Alexandre Junior, Sandra Dani, Heinz Limaverde, Ivo Medeiros, Alvaro RosaCosta, Leo Maciel, Martin Clausen e Zé de Paiva, um porteiro observa as imagens das câmeras de segurança em um prédio residencial, enquanto reflete sobre sua profissão e a relação com seus empregadores.
A Mostra Competitiva Brasil premiará ao final do evento o Grande Prêmio 15º Cine Esquema Novo e 5 Prêmios Especiais do Júri, com um troféu criado por Luiz Roque especialmente para o festival, além de prêmios em serviços da Locall (R$ 10.000,00 em locação de equipamentos de luz e maquinária na Locall RS) e Media Mundus (R$ 3.000,00 em processamento de conteúdos como packinger com transcoding, metadados e thumbnails responsivos para plataformas de streaming de parceiros: Claro Tv+ ou Prime Video). O Júri Oficial poderá outorgar até 5 prêmios, de forma livre, dentre todas as obras em competição e é formado pelo cineasta, roteirista, crítico e historiador da arte Giordano Gio, a educadora, crítica, programadora e pesquisadora de cinema Juliana Costa e o crítico de arte, diretor, curador e professor Juliano Gomes. As sessões são seguidas de debates em parceria com a ACCIRS – Associação dos Críticos de Cinema do RS.
Luiz Roque é o artista convidado desta edição
Luiz Roque, um dos mais destacados nomes da arte contemporânea brasileira, é o artista convidado do 15º Cine Esquema Novo – Arte Audiovisual Brasileira. Em homenagem à trajetória do artista, a programação do evento inclui uma mostra individual com suas obras audiovisuais que serão exibidas na Cinemateca Capitólio, na Cinemateca Paulo Amorim, MACRS e na Casa de Cultura Mario Quintana (sala Radamés Gnatalli). Essa curadoria, assinada por Jaqueline Beltrame e Kamyla Belli, oferece uma oportunidade única de imersão no universo multifacetado de Roque, convidando o público a desbravar o lado provocador e sensorial construído em suas obras.
Com sua habilidade em criar imagens icônicas e provocadoras como ferramentas de reflexão, seus filmes relacionam o cinema expandido a questões sociais, trazendo uma abordagem profunda sobre temas urgentes. Em tempos onde questões de identidade, de espaço urbano e de representação estão no centro dos debates culturais, o trabalho de Roque coloca em cena um olhar crítico e sensível, que não se limita à estética.
A Mostra Artista Convidado – Luiz Roque, do CEN, inclui sete obras do artista, sendo uma inédita no Brasil. Clube Amarelo (2024) foi desenvolvido durante a residência artística na Fundación Ama Amoedo (Uruguai) e terá a sua estreia nacional durante o evento. O filme une cenas coloridas e em preto e branco para mergulhar nas questões do prazer, da natureza e das transformações físicas e emocionais dos corpos em busca de novos sentidos. A obra enriquece a já consolidada carreira do artista e, junto da seleção, conecta e propõe interseções entre cinema, arte visual e pensamento crítico.
Roque faz parte da história do CEN desde sua primeira edição, já que criou o Troféu do festival, que é entregue até hoje aos vencedores da Mostra Competitiva Brasil. O artista é natural de Cachoeira do Sul (RS) e residente em São Paulo. Seu trabalho foi tema de exposições individuais em lugares como KW, Berlim (2024), Proa21, Buenos Aires (2022), VAC / Universidade do Texas, Austin (2021), Pivô, São Paulo (2020), CAC Passerelle, Brest (2020), New Museum, Nova York (2019) e MAC Niterói, Rio de Janeiro (2018). Suas obras também foram incluídas em mostras coletivas como a 12a Bienal de Gotemburgo (2023), a 59a Bienal de Veneza (2022), a 32a Bienal de São Paulo (2016) e em instituições como PORTIKUS, MASP, MoMa-Ps1, Museu de Arte Moderna de Varsóvia e a Kunsthalle Viena.
Mostra Outros Esquemas apresenta oito obras que contemplam o fazer artístico
Outra programação já tradicional é a Mostra Outros Esquemas, que passou a integrar a programação do CEN em 2019 como forma de contemplar mais um espaço de expressão da arte audiovisual brasileira. Em formato não competitivo, a seleção conta com oito filmes selecionados de cinco estados do Brasil que apresentam uma particularidade em comum: são obras que contemplam o fazer artístico, os processos criativos e as trajetórias de importantes artistas brasileiros, adentrando histórias relevantes para a memória da arte nacional, bastidores de exposições, composições musicais e peças teatrais, além de ações que fortaleceram e que continuam fortalecendo movimentos culturais no país. Integram a seleção os títulos: Arruma um Pessoal pra gente botar uma Macumba num Disco (Chico Serra), Arte da Diplomacia (Zeca Brito), Batimento (Anderson Astor), Boom Shankar – O filme perdido do Guará (Sérgio Gag), Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo (Joel Zito Araujo), Hélio Melo (Leticia Rheingantz), Mborairapé (Roney Freitas) e Um Corpo Só (Cacá Nazario).
Acervos de três instituições e do festival apresentam quatro programas em mostra
Nesta edição, o CEN retoma e amplia uma experiência de cotejamento de estéticas, poéticas e ideias iniciada em 2022 com a apresentação lado a lado de obras do acervo do festival com trabalhos audiovisuais de artistas integrantes da coleção do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS), em uma mostra na Galeria Sotero Cosme da Casa de Cultura Mario Quintana. Em 2025, essa conversa entre criações artísticas que exploram as potências da visualidade vai contemplar também outras instituições gaúchas cujos acervos abrigam produções em videoarte, filmes de artista e registros de performance: além do CEN e do MACRS, participarão da Mostra de Acervo o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS) e a Fundação Vera Chaves Barcellos (FVCB).
Nos dias 22 e 23 de fevereiro, a Cinemateca Capitólio exibirá quatro programas com obras audiovisuais dessas instituições. Cada acervo terá uma sessão própria com trabalhos selecionados por uma curadoria de Jaqueline Beltrame e Roger Lerina. “Será uma oportunidade preciosa para o público conhecer trabalhos de artistas locais, nacionais e estrangeiros, históricos e contemporâneos, raramente exibidos. O resultado desse recorte feito em um repositório imagético tão heterogêneo e rico – do ponto de vista formal e narrativo, estético e técnico, de procedência e época – é uma Mostra de Acervo plural, caleidoscópica e inquieta, que dá testemunho de um potente corpus artístico ainda a ser desvelado”, afirmam os curadores.
Acessibilidade e produção universitária também integram a programação
O público também poderá conferir seis dos filmes da Mostra Competitiva e da Mostra Outros Esquemas em sessões acessíveis na Cinemateca Capitólio, seguidas de debates com tradução para Libras. No dia 16 de fevereiro, às 19h, é apresentado Um Corpo Só (Cacá Nazario), com Libras, Audiodescrição e LSE. Já no dia 17 de fevereiro são exibidos O Sonho de Anu (Vanessa Kypá), com Libras; E nada mais disse. (Julia Menna Barreto), com Libras; Mar de Dentro (Lia Letícia), com Libras; A Edição do Nordeste (Pedro Fiuza), com Libras; e Zagêro (Victor di Marco e Márcio Picoli), com Libras, Audiodescrição e LSE.
Ainda ocorre a terceira edição da Mostra Audiovisual em Curso, que conta com a curadoria de 19 alunos de cursos de Animação, Artes Visuais, História da Arte e Produção Audiovisual, de seis instituições do RS: Unisinos, PUCRS, UFRGS, Uniritter, UFPel e UFSM. A mostra reúne 45 obras selecionadas pelos estudantes que participaram de workshop de curadoria ministrado pelos organizadores e curadores do CEN, Jaqueline Beltrame e Ramiro Azevedo e o curador Leonardo Bonfim. A exibição das produções ocorrem na quinta e sexta-feira, dias 20 e 21 de fevereiro, na sala Eduardo Hirtz, na Cinemateca Paulo Amorim, às 14h30.
A oficina Câmera Causa – Realização Audiovisual para grupos em vulnerabilidade social, ministrada pelo realizador audiovisual Gustavo Spolidoro, integra o festival pela quarta edição e já resultou em 31 curtas. A atividade é voltada para o empoderamento audiovisual de pessoas que são pertencentes ou atuam junto a projetos sociais, grupos em vulnerabilidade social, escolas públicas, qualificação de professores e coletivos, proporcionando uma reflexão e prática da realização audiovisual a partir de seus próprios celulares. Criado em 2018, o projeto tem como objetivo a possibilidade de esses grupos produzirem o próprio conteúdo audiovisual utilizando como divulgação de seu trabalho, sua realidade e suas causas. Os filmes desenvolvidos durante a oficina serão exibidos em uma mostra especial, seguida de debate, no dia 19 de fevereiro, às 14h30, na Sala Eduardo Hirtz – Cinemateca Paulo Amorim.
Seminário Pensar a Imagem ocorre pela terceira edição no festival, com encontros no Goethe-Institut Porto Alegre
Além das mostras, o Cine Esquema Novo promove o seminário Pensar a Imagem, uma iniciativa realizada em diálogo com a proposta curatorial do festival para proporcionar encontros temáticos dedicados a discussões sobre questões estéticas, políticas, teóricas, conceituais, narrativas e de consumo relativas às imagens, especialmente à produção autoral e experimental. Em sua terceira edição, aborda principalmente a geopolítica da atenção, recebendo quatro eixos de conversa, com intervenções curtas de convidadas e convidados: Atenção e Distração (Gabriela Almeida e Juliano Gomes), Visibilidade para quê? (Ana Letícia Schweig e Juliana Costa), Identificação é o único caminho? (Fernanda Nascimento e Leonardo Bonfim) e Incômodo, conforto e prazer (Ana Moura e Lennon Macedo). O seminário ocorre nos dias 17 e 18 de fevereiro, das 10h às 12h e das 14h às 16h, no auditório do Goethe-Institut Porto Alegre. As inscrições ocorrem através do link de forma gratuita, com tradução para Libras, com emissão de certificado ao final do evento, que disponibiliza 80 vagas.
O 15º Cine Esquema Novo é uma realização da ACENDI – Associação Cine Esquema Novo de Desenvolvimento da Imagem. Projeto realizado com recursos da Lei Complementar nº 195/2022, Lei Paulo Gustavo, apresentado pelo Ministério da Cultura. Financiamento Iecine, Pro-Cultura e Secretaria da Cultura do Estado do RS, com apoio da Cinemateca Capitólio, Goethe-Institut Porto Alegre, Cinemateca Paulo Amorim, MACRS, Casa de Cultura Mario Quintana e Casa Baka. Mais informações, acesse: www.cineesquemanovo.org | www.facebook.com/cineesquemanovocen | @cine_esquema_novo
Bruna Paulin é jornalista e mestre em comunicação à frente da Assessoria de Flor em Flor desde 2011
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