A cidade com o céu ao seus pés – Crônica


Quem foi o primeiro a voar em um avião? Os irmãos Wright ou Santos Dumont? Digamos que os irmãos Wright tenham voado primeiro. Ainda assim, eles estavam fazendo suas experiências no interior do estado americano de Ohio, que, no início do século vinte, poderíamos dizer que era onde se perdeu as botas. Já Santos Dumont, voou em torno da Torre Eiffel, no período inigualável da Belle Époque parisiense, com grandes mestres de todas as artes o aplaudindo.

Lembrei desses episódios ao sair para fotografar nos arredores da cidade e enxergar de longe a pintura do prédio Canto, no Parque Una, com o retrato do aviador Joaquim da Costa Fonseca Filho, o “louco do chapéu azul”, como ele foi cantado pelo Vitor Ramil. Que na verdade, de louco, tinha muito pouco.

Joaquim tinha paixão por aviões desde a infância e, aos vinte anos de idade, fez  sua primeira viagem aos Estados Unidos para comprar peças de automóveis Ford, pois seu pai era proprietário de uma revenda autorizada da marca na região. Ainda jovem, se alistou no serviço obrigatório na Escola de Aviação Militar, do Rio de Janeiro, onde frequentou as aulas de engenharia aeronáutica. Quando começou a construir seu primeiro avião, na sua casa da rua Gonçalves Chaves, 516 – o céu era o limite.

A fuselagem foi feita de madeira, o motor um Ford de automóvel modelo B de 50 cavalos, e as rodas eram de bicicleta. Com esses materiais, Joaquim construiu seu primeiro avião, batizado de F1. Foi em uma tarde quente de dezembro de 1939, partindo do aeroporto municipal, que o F1 decolou pela primeira vez. O piloto (cobaia) se chamava Waldemar Keller, e fez um voo de 20 minutos a 300 pés de altura. Logo após experimentar a vista aérea dos arroios, do canal, da lagoa e dos banhados, pousou e disse: Eu vi nuvens refletidas por toda parte, Pelotas tem o céu aos seus pés.

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