Alice Schuch fala sobre altruísmo na Semana Internacional da Mulher


Foto: Maurício Tavares

Amar o próprio projeto e a si mesmo; Sobre altruísmo, solidariedade e egoísmo.
Por Alice Schuch à Semana Internacional da Mulher

Nas palestras voltadas à semana da mulher, a pesquisadora do universo feminino Maria Alice Schuch faz uma reflexão sobre o altruísmo que envolve muitas profissionais, amigas, mães e esposas nas suas atividades diárias. Ela alerta que cuidar do próximo, mesmo que seja da família, antes de si mesmo, tem consequências que compromete o projeto de vida pessoal e as relações sociais sadias.

De acordo com Alice, altruísmo é sinônimo de desinteresse e abnegação, o fim da conduta humana ao posicionar o amor pelo outro e o viver para os outros acima de si mesmo. Em dado momento, explica, a prática altruísta expande da teoria e pede restituições. Logo, observa, pessoas altruístas acusam os amigos, companheiros ou filhos de ingratidão.

“O chamado altruísmo feminino parece ser uma construção histórica que nos coloca como manipulados fantoches que devem demonstrar sempre bondade, amor, ternura, solicitude, maternidade complacente e ainda aceitar relações unilaterais”, alerta Alice Schuch.

Forçar o organismo a ingerir física ou psicologicamente aquilo que a ele causa causa danos, às vezes irreparáveis, podem ser atitudes assim chamadas “altruistas” que, porém somatizam em estresse, depressão e doenças diversas. “Verdadeiros suicídios conscientes ou inconscientes”, diz.

“Entendemos que, em qualquer tratativa, deve haver solidariedade, reciprocidade, jamais altruísmo”, observa Alice. Solidariedade é bom, afirma, reforça as relações de responsabilidade e é diferente de altruísmo.

Na obra publicada pela pesquisadora “Mulher: aonde vais? Convém?”, Alice Schuch mostra alguns erros cometidos pelas mulheres em suas rotinas. A prática do altruísmo é uma delas, e costuma estar relacionada com a condenação do egoísmo.

Foto: Maurício Tavares

Quando comenta o assunto ao público, Alice Schuch narra uma experiência própria que vivenciou no sítio serrano em que reside. Nele há mata nativa, lagos, pássaros, ninhos na janela, paraíso. “Decidi há alguns anos adquirir alguns animais para desfrutar comigo deste Oasis: gansos, um cavalo e uma vaquinha Jersey. Olhando no entorno percebi plantas consideradas tóxicas no jardim e me preocupei com a possibilidade de causarem danos aos meus novos amigos. Passei então a observá-los. Pasmem! A natureza é de fato sábia. Eles não tocaram naquelas plantas que lhes causaria dano, ao invés devoraram hibiscos, rosas, dracenas, folhas tenras de palmeiras ornamentais, pêssegos e bananeiras (folhas e frutos). Fiquei encantada com esta lição de vida”. A comparação deixa a mensagem de que os animais sabem discernir o que é bom daquilo que é veneno para a sua saúde. “Nós humanos inteligentes, nem sempre”.

Amar o próprio projeto e amar a si mesmo é um pensamento que sustenta todo o trabalho da pesquisadora. Tendo experiências acumuladas em doze anos de estudos, Alice se posiciona: “a natureza é sábia, nós humanos, nem sempre. Vamos refletir sobre isto. Sadio egoísmo! Amar a si mesmo, este é o segredo! Como posso amar os meus amigos, dar conselhos e ensinar se não sei aquilo que me faz feliz, saudável, ativa, grande?”.

Fonte: Aline Wolff da Fontoura