No aquecimento para o show de aniversário, o e-cult apresenta as atrações em profundidade. Prestes a lançar o quarto disco, a Bidê ou Balde recebe uma breve análise dos três primeiros lançamentos. Com o apoio da própria banda, a discografia está disponível no Youtube, e depois do texto você pode ouvir cada disco na íntegra.
Na virada do milênio estava em curso uma renovação no cenário roqueiro “mainstream” estadual. Passada a ressaca dos anos 80, que durou boa parte dos 90, uma nova leva de bandas apareceu, cada uma buscando sua própria linguagem. Quase todas da capital, essas bandas começaram a receber o apoio das rádios, gravadoras e, consequentemente, do público. Nesse contexto veio ao mundo “Se Sexo é o que Importa só o Rock é Sobre Amor!”, a estreia em disco da Bidê ou Balde. Junto com Carlinhos, Vivi e Sá, que se mantêm, o então septeto contava com o guitarrista fundador Rafael Rossatto, responsável por grande parte das composições.
No visual deliberadamente retrô, no discurso obsessivo pró-rock coroado no título do disco, a banda enganava. No primeiro contato com o som simples de letras bem humoradas, dava pra pensar que era uma banda de rock genérica. Mas, prestando atenção, dava pra ver que a Bidê escolheu o caminho do pop, no bom sentido. Referências, por exemplo, são muitas e quase sempre explícitas: Roberto Carlos, Sonic Youth, Fábio Jr, culminando com uma versão em português para “Buddy Holly”, lançada pelo Weezer cinco anos antes.
Pra chegar à própria identidade, a banda fez uma ensolarada atualização de power pop, rock alternativo e new wave. Entre festivo e singelo, o som se reflete nas letras, às vezes sacanas e adolescentes, às vezes românticas sem soarem falsas, e recheadas de belas sacadas. O conto de amor à menina que o cara conhece “desde que nasceu” viria a transformar o hit “E Por Que Não?” em uma das raras músicas censuradas do país na última década. “Gerson” fala sobre o final de um romance que deixou um filho. “(Eu Te Amo) Lucinda” mistura amor e prostituição. “Me Envergonha” é uma funkeada coleção de referências pop e portoalegrenses (“ela é chinela demais”) cuja narrativa chega de alguma forma ao anúncio “e nos teclados, Luiz Schiavon”. “Vamos Para Uma Excursão”, refrão grudento e “ua pa pararupa”, poderia ter sido um hit secundário.
Porque o hit principal está logo na abertura. Em “Melissa” tudo se encaixa. É rock, mas é ingênuo. É a declaração de um apaixonado. “Melissa” é o resumo da tese. Sim, o rock é sobre amor. Com “Melissa”, a Bidê ou Balde credênciou seu nome para a história do rock nacional e levou o único VMB de Revelação do Rio Grande do Sul, em 2001. Depois, se mudaram pra São Paulo para desenvolver o próximo disco, voltaram, lançaram um EP (“Para Onde Voam os Ventiladores de Teto no Inverno?”, 2001), mudaram de formação, mas não de rumo. O rock grudento no rádio e a festa nos shows estabeleceram a importância de “Se Sexo é o que Importa só o Rock é Sobre Amor!” e da banda. O caminho estava aberto.
Texto: Roberto Soares Neves
Leia também: Bidê ou Balde – Discografia 2ª parte
Leia também: Bidê ou Balde – Discografia 3ª parte
http://www.youtube.com/watch?v=3DqfthONKn8
http://www.youtube.com/watch?v=D6G4I2YwosA
3 Anos de e-cult
Promoção Rádio Atlântida
05 de outubro | sexta-feira
Atenção! Censura: 18 anos
Local: Luna Experience
(XV de Novembro, 522)
Bidê ou Balde + Banda DaRosa
Dupla JukeBox + FADE Art
Ingressos exclusivos na Hercilio da Galeria Malcon
2º Lote: R$25,00 | Área VIP: R$50,00
Informações: 53 8115-6720 | Curta o evento no Facebook.
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.