Carnaval pelotense perde mestre Batista


Pelotas se despede de um dos grandes músicos e sambistas do últimos tempos, Neives Meirelles Batista ou mestre Batista, como era carinhosamente conhecido por todos, morreu na segunda-feira (3), aos 77 anos, após lutar três anos contra um câncer no intestino. Mestre griô deixa para todos os seus ensinamentos e seu carisma.

De acordo com o presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra e integrante do Movimento Negro de Pelotas, Rubinei Machado, mestre Batista era conhecedor da história do tambor sopapo, como também o responsável por sua fabricação. “O Baptista foi quem levou o instrumento para as baterias das escolas de samba, não apenas de Pelotas, como do Rio de Janeiro e da Bahia”, complementa Machado. Com isto tornou-se detentor deste trabalho.

Mestre Batista foi figura importante do Carnaval de Pelotas, tendo atuado em várias funções, como ritmista, ensaiador e mestre de baterias em escolas de samba e blocos como Estação Primeira do Areal, Academia do Samba, Imperatriz da Zona Norte e General Telles. Em todas as entidades carnavalescas deixou sua marca. O pelotense também fundou a ONG Odara e junto com o músico Giba-Giba, se tornou responsável pela revitalização do tambor sopapo.

Oficinas

Suas atividades como mestre griô foram desenvolvidas durante as oficinas ministradas em três locais da cidade, nas escolas Dunas e Alcides de Mendonça Lima e no Instituto de Menores. Batista transmitiu seus conhecimentos sobre a cultura afro, ao mesmo tempo em que realizava oficinas de percussão, com ensinamentos sobre a fabricação e o manuseio de instrumentos musicais de origem africana. Outro trabalho realizado pelo mestre foi o samba de roda, que resgatava músicas antigas que eram cantadas na senzala e outras que foram passadas de família.

Além de ser um grande músico e sambista, o griô foi motorista de ônibus, comissário de menores, durante sete anos, na época em que ainda não existia o Conselho Tutelar e participou de diversos projetos como o Beija-Flor da Brigada Militar. Lá ensinava menores infratores a tocar instrumentos. Com a finalidade de aprimorar seus conhecimentos na música o mestre fez um curso de dois anos de violão clássico e popular, no Conservatório de Música da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Aprendiz

O trabalho de Batista terá continuidade com o mestre aprendiz griô, Dilermando Martins Freitas, presidente da ONG Odara. “Todos os ensinamentos que recebi serão repassados para a comunidade”, destaca Freitas.  Além de passar seus conhecimentos para diversos estados do país, conta Freitas, o mestre Batista recebeu uma homenagem com o documentário O grande tambor. O corpo do mestre griô está sendo velado na capela da Igreja Santa Terezinha e o horário do enterro que será realizado nesta terça, no Cemitério São Francisco de Paula, não foi divulgado.

Por: Jussara Lautenschlãger
Fonte: diariopopular.com.br