Em março, após os mais calmos meses de janeiro e fevereiro, quando o ritmo urbano já estiver a pleno vapor, a cena artística de Porto Alegre abre espaço para a contemplação. No dia 1º, estreia na Koralle (Av. José Bonifácio, 95), às 19h, Sobre o armário e a atividade dos objetos ― estudo para natureza-móvel, um espetáculo de teatro-dança, de 45 minutos, pensado para um público pequeno de até 14 pessoas. A concepção e direção são da coreógrafa Bia Diamante, assim como a criação coreográfica, assinada também pela bailarina Juliana Rutkowski. A concepção visual é do vídeo-artista e criador visual Bernardo Vieira.
Instigadas pelo desejo de trabalhar com os detalhes e a precisa gestualidade da obra do pintor holandês Jan Vermeer, Bia e Juliana iniciaram explorando o universo dos objetos cotidianos e a sua organização. Com o olhar voltado para o dia a dia, observaram que a ideia de arrumação está impregnada na vida dos indivíduos, e a construção coreográfica do espetáculo ampliou essa movimentação “invisível”, concedendo-lhe dignidade enquanto criação artística. Nessa fase do processo, a homenagem a Jan Vermeer deixou de ser o foco para tornar-se apenas uma referência estética.
Em cena
No centro, uma mulher observa um armário. Ela o abre. Em uma ação contemplativa, se depara com diversos objetos de natureza peculiar. Quando os retira das prateleiras, os seus gestos acentuam e ampliam detalhes que passam despercebidos no cotidiano, o que possibilita serem vistos sob outra ótica. As composições fazem alusão à natureza-morta, que, em cena, paradoxalmente, está sempre em mutação, em estado de natureza-móvel. A partir dessas imagens, o espectador é conduzido a um mundo de pequenas descobertas e sensações, em uma atmosfera lúdica e intimista.
Para Bia, o gesto é uma linguagem própria de entender a dança, pois é na gestualidade que o movimento se expressa. “Penso a dança como uma forma de dar dignidade ao movimento. No espetáculo, decidimos exaltar uma das atividades reconhecidas como menor, mas ao mesmo tempo tão rotineira e ordinária, que é o fazer interno de uma casa, da arrumação, da organização. É a gestualidade à procura do encantamento com o objeto, guiada pela sua representação na ação íntima e pessoal. Um devaneio estético”, resume a diretora.
Os participantes
BIA DIAMANTE | Concepção, direção e criação coreográfica
Trabalhou com o diretor Amir Haddad no grupo Tá na Sala (RJ,1980-1984). Estudou Terapia Psicomotora na Escola de Arte e Movimento Angel Vianna, no Rio de Janeiro (1998-1999). Em 2002, dirigiu o espetáculo A Cadeira, vencedor do Prêmio Açorianos de Teatro e Dança na categoria Melhor Bailarina para Cibele Sastre. Ao lado de Eduardo Severino, dirigiu, em 2008, o espetáculo BundaflorBundamor. Em 2011, foi a responsável pela direção de À Sala, espetáculo financiado pelo Fumproarte, e vencedor do Prêmio Açorianos na categoria Estimulo à Criação. Desde 2009, é professora de Educação Somática do Grupo Experimental de Dança da Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre. Anualmente, é mediadora da Mostra Movimento Palavra, no Centro Cultural Usina do Gasômetro.
JULIANA RUTKOWSKI | Intérprete e criação coreográfica
Bailarina, formada como tecnóloga em Dança pela ULBRA, integrou o Grupo Experimental de Dança da Cidade entre 2008 e 2011. Durante o período, foi aluna de professores como Airton Tomazzoni, Alessandro Rivellino, Bia Diamante, Didi Pedone, Eva Schul e Tatiana da Rosa, e participou de várias montagens, entre elas Eu me faço simples por você, Pulp Dances e Faz de conta que. No ano de 2010, integrou o elenco de Dar carne à memória, espetáculo dirigido por Eva Schul, e de Hybris, da Cia Teatral Falos & Stercus. Em 2011, passou a integrar o elenco dos espetáculos Cem metros de valsa e Um grama, da GEDA Cia de Dança, e também da performance itinerante Tubo de ensaio, do Grupo Necitra, que pesquisa transversalidades entre circo, teatro e dança. No mesmo ano, ministrou aulas de atividade circense no Programa Integrado de Inclusão Social em Esteio e iniciou a ensinar dança nas escolas de Educação Infantil Descobrindo o Saber e Curumim, ambas em Porto Alegre.
BERNARDO VIEIRA | Concepção visual
Vídeo-artista e criador visual. Na área das artes cênicas, dirigiu dois experimentos intitulados Corte 1 e Memória maleável (2010) e, também, o espetáculo Electra[zero], aclamado pela critica e público (2012). No cinema, em 2009, ganhou Menção Honrosa no Festival do Minuto, em São Paulo, por seu mini-metragem O ralo. Entre os seus trabalhos audiovisuais recentes estão Movimentos provisórios (vídeo-performance ― 2010), DRAFT (2010), De como transportar um ovo na sala de espera…(2011) e Epílogo (2011).
Espetáculo de Teatro-Dança
Sobre o armário e a atividade dos objetos – estudo para natureza-móvel
CONCEPÇÃO E DIREÇÃO | Bia Diamante
CRIAÇÃO COREOGRÁFICA | Bia Diamante e Juliana Rutkowski
INTÉRPRETE | Juliana Rutkowski
CONCEPÇÃO VISUAL | Bernardo Vieira
Quando: Em março (dias 1º e 2, 8 e 9, 15 e 16, e 22 e 23), sempre às sextas-feiras e sábados
Horário: às 19h
Onde: Koralle (Av. José Bonifácio, 95, Porto Alegre)
Duração: 45 minutos
Quanto: R$ 10 (inteira) e R$ 5 para classe artística, estudantes e idosos. Ingressos a venda no local, nos dias do espetáculo, a partir das 18h.
Apoio: Koralle
Crédito das fotos: Bernardo Vieira
Contato para a imprensa | Jornalista Dóris Fialcoff
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