A Praça Coronel Pedro Osório, após a Feira do Livro, volta a ser dos pássaros, dos desocupados, dos solitários, dos velhos e das pessoas que por ela transitam apressadas, em demanda de seus destinos. Também das crianças que brincam na pracinha próxima aos centenários casarões que aos poucos vão ganhando “roupa” nova, preparando-se para o bicentenário da Princesa, ano que vem.
Deu-me certa melancolia observar a Praça no final de tarde, tímido sol infiltrando-se meio as árvores, testemunhando passos apressados, expressões fugidias, o sono desesperado de um um outro e os rumores da cidade que trepidava prestes a ser engolfada pelas sombras da noite.
Deixei-me levar pelo pensamento filosófico, dando conta da transitoriedade das coisas existentes. A expressão “tudo passa” reverberou em minha mente, vendo os operários atarefados no desmonte da feira que atraiu milhares de pessoas, atraídas pelos livros, principal atração do evento.
A vida é isso. Início e fim, provando-nos que, realmente, tudo que é sólido se desmancha no ar. Até nossas ilusões, ainda que não sejam sólidas. Basta ser ilusão para ganhar a consistência da fumaça que o vento, provocador, carrega para longe.
A pomba que testemunhou o erguimento da estrutura da Feira do Livro, após voar sobre a Fonte das Nereidas, pousou à sua borda, orgulhosa de sua condição, expressão feliz. A sua Praça, finalmente, entregue ao sossego, à preguiça e à melancolia. Era como se nada tivesse acontecido. Resultado, quem sabe, de prestidigitação.
Manoel Magalhães
Jornalista e escritor
Cultive Ler – Um olhar paralelo
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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