Ao ler a seguinte frase do cantor coreano (Traduzida para o português, claro!) “PSY”: “Acima do homem que corre está o homem que voa.”, certamente que uma das primeiras lembranças para as pessoas aficionadas pela cultura “pop” vem à pauta: o primeiro super-herói das revistas em quadrinhos. Mesmo sem a famigerada cueca por cima das calças, a referencia do Superman ressurge em algum momento na vida dinâmica da “civilização digital” mais rápido que uma bala, ainda mais neste período eleitoral.
Nos últimos cinco anos, uma busca messiânica fora promovida para estes salvadores da Pátria. Diversas discussões éticas e políticas na rede mundial de computadores, principalmente dentro das redes sociais. O fenômeno teve seu inicio registrado pela campanha presidencial de Barack Obama e esta metodologia de marketing político se transportara para o Brasil, nos idos de 2010. Até aqui, para quem acompanha diariamente esta mudança em seus smartphones, nenhuma novidade. A mudança houve na adoção da impessoalidade e na postura amoral (aqui livre da visão conservadora do contexto cotidiano da sociedade moderna) dos perfis cadastrados nos sites de relacionamento. A principio, uma relação entre indivíduos que se conhecem, pressupõe-se que em um encontro direto, não há intermediários. Assim, neste contato, é possível demonstrar o seu poder de argumentação e até mesmo de imposição de suas ideias. Todavia, por mais que estas personas virtuais são nada mais que seres humanos de carne e osso, a impessoalidade surge como uma impulsionadora destas qualidades já citadas. Logo, o simples redator de um texto na internet, se unir um discurso popular a uma fotografia carismática, poderá se transformar no homem de aço, sem qualquer empecilho.
Para corroborar com esta constatação, o coletivo Anonymous é um exemplo de hacktivismo colaborativo e internacional, que realiza protestos e outras ações, muitas vezes com o objetivo de promover a liberdade na Internet e a liberdade de expressão. Estas ações são realizadas por indivíduos não identificados que atribuem o rótulo de “anônimos” a si mesmos. Em uma onda de protestos e de ataques de negação de serviço (DDoS) feitos por eles desde 2008, a mídia tem divulgado que incidentes ligados aos seus membros só têm aumentado, isto porque a incapacidade de distinguir os Anonymous com os chamados “fakes”, pessoas ou grupos que apenas utilizam seus símbolos na tentativa de denegrir a imagem pública do Anonymous ou camuflar-se atrás de sua ideologia para promover crimes virtuais.
E outro exemplo mais brando, mas não menos ativista, vem o movimento chamado de “#YoSoy132”, promovido pelos estudantes mexicanos através do Twitter. Nascido da oposição ao candidato à presidência pelo PRI (Partido Revolucionário Institucional), os 131 alunos da Universidade Iberoamericana fizeram um vídeo para comprovar que eram estudantes e não militantes políticos, conforme noticiara os correligionários de Peña Neto no episódio que ficou conhecido por “Distúrbios de Atenco”. Hoje, são milhões de “132” que reivindicam maio democratização da mídia no México. .
Porém, de uma maneira mais grotesca, o eleitor (e também internauta) brasileiro devido à falta (ou excesso) de referencia ideológica, graças às reviravoltas do contexto político nacional, adere à desconstrução total da hermenêutica política e assim, para alguns apaixonados pelo assunto, a construção do dialogo sofre o processo de “orkutização”. Ou ainda, a pessoa passa a “trollar” o grupo por qualquer que seja o motivo. A palavra Troll tem origem no folclore escandinavo e se refere a uma criatura monstruosa. Mas surgiu na Usenet, derivada da expressão “trolling for suckers” (lançando a isca para os trouxas), para identificar e atribuir ao causador de sistemáticas desestabilizações de discussão, provocando e enfurecendo as outras pessoas envolvidas nas mesmas.
Em suma, a facilidade que o Troll tem na “web” de construir ou destruir com os (pré) conceitos que a sociedade real tem da vida cotidiana, o ser virtual tem a propriedade e também responsabilidade direta com esta transformação, no sentido de dentro para fora da rede. Ao passo que este super-humano que pode “pular prédios em um único salto” na internet, ele se mantém preso destes preceitos éticos da vida real. Enfim, se cumpriu a profecia de Zoroastro, ou seja, parodiando Alan Moore, em Watchmen: “O super-homem existe… e ele é virtual!”.
por Luis Carlos Rodrigues Junior
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.