Entrevista: Esmute Farias – o baterista pelotense da 69 Enfermos que tocou no mesmo palco do Red Hot Chili Peppers


Esmute Farias
Esmute Farias - Foto Felipe Yurgel

Formada na Colômbia, radicada no Brasil e com acréscimo de um pelotense, a banda 69 Enfermos foi a responsável por aquecer o público gaúcho para show do Red Hot Chili Peppers na Arena do Grêmio, no último dia 16 de novembro.

Esmute Farias

Baterista, produtor, querido por 10 em cada 10 músicos do underground pelotense, Esmute Rodrigo Farias está acostumado a tocar em palcos modestos de Pelotas e região. Desde 2018, quando ingressou na 69 Enfermos, passou a tocar em palcos diferentes e para outros espectadores, fazendo shows fora do Brasil ou abrindo para bandas conhecidas da cena internacional do hardcore. Nada, no entanto, se compara com encarar uma plateia de cerca de 50 mil pessoas, no show de abertura para uma das maiores nomes do rock mundial em atividade.

Esmute conta que começou a ter contato com a música desde criança, tocando teclado. “Aos 12 anos comecei a andar de skate, ouvir música e ter contato com o rock. Aí desandou a maionese!”, comenta. Em 2004, o músico natural de Rio Grande, hoje morador do Laranjal, começou a tocar bateria. Três anos mais tarde, veio o primeiro projeto “mais sério”: a Burnout, banda de hardcore melódico que frequentou a cena da região até começo da última década.

Em 2011, Esmute e Douglas Jardim “Tio” (baixo), se juntam a Tomás Santos (guitarra) e o Diego Gularte (vocal) para formarem a Suburban Stereotype. Entre indas e vindas e trocas, a banda segue na ativa até hoje e já pode ser considerada um dos principais nomes do rock pelotense autoral. Também participou e participa de outras bandas e projetos musicais (Semilla Wind, Busto de Cavalo, entre outros).

Paralelamente a isso, Esmute cursou Produção Fonográfica da UCPel, onde conheceu Lauro Maia e Dione Silveira. Juntos, os três abriram o A Vapor Estúdio, no início de 2011, logo depois do término do curso. Mais tarde, Farias saiu da sociedade e passou a trabalhar por conta própria com produção musical. Desde 2022, faz trabalhos free-lancer de forma remota, gravando baterias, fazendo edições, mixagens e masterizações.

69 Enfermos 

Esmute Farias
69 enfermos – Foto Felipe Yurgel

Formada em 1995, na Colômbia, a 69 Enfermos é uma banda de skatepunk/punk rock melódico que possui entre suas principais influências NOFX, No Use for a Name e Millencolin. A banda construiu uma base de fãs no país, tocando ao lado de grandes nomes da cena internacional de Punk HC.

A banda acabou se mudando de sede junto com seu fundador Dalin Focazzio (guitarra, vocal e composições) em meados da última década. Após algumas mudanças na formação, a banda agora é completa pelo uruguaio Maxi Rodríguez no baixo e nos vocais e Esmute Farias na bateria.

1 – Quando tu conheceu e como começou tua relação com 69 Enfermos? Como e quando surgiu o convite para fazer parte da banda?

Eu conheci a 69 Enfermos em 2017, eu acho, quando fui a um show do Satanic Surfers em Porto Alegre com o Tesouro (guitarrista da Suburban Stereotype) e conheci eles. Em 2018, eles tiveram que trocar de baterista e o Douglas ‘Tio’ me indicou pro Dalin, que acabou me convidando pra fazer alguns shows no Brasil, Uruguay e Argentina. Depois disso, ele me convidou pra ficar na banda em definitivo.

2 – Já contigo na banda, a Enfermos fez alguns shows na Europa. Nos conte um pouco de como foram essas experiências.

Em 2019 fizemos uma tour pelo Brasil com os amigos da banda americana Symphony of Distraction e no meio do ano fizemos a turnê na Europa fazendo 16 shows passando por 11 países, começando a tour em Roma e Capannori na Itália. Em Paris, na França, tivemos a oportunidade de tocar em um festival com as bandas Hit The Switch, Pears, Masked Intruder, Propagandhi, Cky, Less Than Jake e Sick of It All em uma casa de shows (Le Petit Bain) num barco no Rio Sena. Isso foi inacreditável!! Tocamos em alguns grandes festivais como o Brakrock em Duffel, na Bélgica, o Punk Rock Holiday em Tolmin, na Eslovênia, o Free & Easy Festival em Munique na Alemanha, Starak Fest em Ricany na República Tcheca, país onde encerramos a tour com o último show na cidade de Praga. Além disso, passamos também por diversos lugares como Luxemburgo, Graz, Viena, Budapeste, Bratislava, Geleen, entre outros.

3 – Como vinha sendo o ritmo de atividades da 69 Enfermos ao longo desse ano de 2023? Vocês chegaram a abrir o show da Millencolin, certo?

Em 2023, nós fizemos uma tour brasileira em fevereiro com a banda canadense Belvedere, começando em POA, no Opinião e passando por Florianópolis, Blumenau, Curitiba e São Paulo. Nos preparativos para esses shows, fizemos alguns ensaios e gravações. Em março, tocamos no We Are One, no URB Stage com a banda Cigar (EUA) e as bandas Satanic Surfers e Millencolin (Suécia). Depois disso acabamos não tocando mais e só trabalhamos em algumas coisas a distância mesmo. Não esperávamos mais muita coisa esse ano, então esse convite para abertura do show do RHCP nos pegou completamente de surpresa!

4 – Quando e como vocês receberam o convite para abrir o show do Red Hot Chilli Peppers? Quem entrou em contato com a banda? Demorou muito a cair a ficha? Depois de assimilar um pouco sobre o convite, como foram os preparativos até a chegada do dia do show?

O convite para abrir o show do Red Hot foi um susto, pouco mais de uma semana antes do evento! O Gustavo Sirotsky da Maia Entretenimento foi quem entrou em contato com a gente. No início, eu não acreditei muito, mas precisávamos preparar tudo pra caso realmente fossemos tocar. Foi uma corrida para nos organizarmos, já que o Dalin mora em Sapiranga, o Max vive em Montevidéu e eu, em Pelotas. No fim das contas, eu fiquei com a função de resolver as questões contratuais e o recrutamento de boa parte da equipe técnica como técnicos de som, iluminação, roadies, etc. As primeiríssimas pessoas que eu falei pois PRECISAVA que estivessem comigo nesse show foram o Dani Orttiz que me ajudou como roadie/drumtech e o Lauro Maia, que foi o técnico de som, o que me fez sentir muito seguro durante a apresentação.

Esmute Farias
Esmute Farias – Foto Felipe Yurgel

5 – Qual foi a sensação de subir em um palco em um estádio de futebol que naquela noite reuniu cerca de 50 mil pessoas? Como foi a recepção do público?

Tive um contraste enorme entre nervosismo extremo nos dias antes do show até o momento do show em que eu estava completamente à vontade, como se estivesse no sofá da minha casa. Sem dúvidas, esse foi o show em que toquei mais tranquilo até hoje! Com certeza devo boa parte disso à equipe toda que nos acompanhou nesse show e nos passou toda a segurança de que precisávamos. Outra coisa que contribuiu muito para isso foi o tanto de apoio que todos os amigos demonstraram pessoalmente ou por meio de mensagens. No fim das contas, o apoio dos amigos e a receptividade do público, que foi muito boa, tornaram tudo muito mais incrível.

6 – Houve algum tipo de interação com as outras duas bandas da noite (Red Hot e Irontom), com seus integrantes ou produção? Vocês conseguiram assistir os shows de boas depois?

Tivemos algum contato apenas com a equipe do Red Hot e com a banda Irontom durante a passagem de som, mas nada muito estreito, e o acesso aos caras do RHCP foi totalmente restrito. A única interação foi percebermos que o Flea e o Chad Smith assistiram um pedaço do nosso show, da lateral do palco. Depois disso assistimos aos shows da pista premium junto com a nossa equipe.

7 – Uma das coisas que tu comentou foi a torcida e apoio dos amigos, músicos e trabalhadores da música, que lhe enviaram mensagens. Fale um pouco mais sobre isso, como foi essa interação com as pessoas.

O apoio dos amigos foi surpreendente em quantidade e intensidade. Realmente nos sentimos acolhidos e isso contribuiu diretamente para eu ter me sentido tão à vontade no palco. Isso foi uma das partes mais legais da experiência toda.

8 – Quais os planos da 69 enfermos e com os outros projetos que tu participa pro futuro?

A partir de agora temos bastante lição de casa, tanto com a 69 Enfermos e com a Suburban Stereotype, em que estamos trabalhando em gravações, materiais e futuros lançamentos, quanto com a banda Second Skin e com o artista Luciano Mello, em que estamos ainda em uma fase inicial do trabalho. Fora isso, me mantenho trabalhando como session drummer, produtor musical e técnico de mixagem e masterização, tanto presencialmente quanto online.

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