Sediado em Pelotas, o grupo OUTRO Dances se tornou uma importante referência na pesquisa sobre Artes Cênicas no sul do estado.
A trupe vai apresentar o espetáculo CÃES no Teatro Oficina Olga Reverbel do Multipalco Eva Sopher, na capital gaúcha, no próximo dia 25 de setembro. A montagem já integrou a programação do festival Porto Alegre em Cena. Selecionada pelo edital Atos e Cenas do RS, da SEDAC, a produção está com novo elenco formado por performers cisgêneros, trans, gays e travestis.
No último sábado, dia 14, a companhia teve uma experiência internacional. É que o espetáculo Bitch, solo de Maria Falkembach, foi exibido na cidade de Bath, na Inglaterra, durante a conferência anual da Global Academy of Liberal Arts.
Confira a entrevista exclusiva de Alexandra Dias, diretora da companhia, ao E-Cult.
E-Cult: Como você conseguiu formar esse elenco em Pelotas com bailarinos tão diversos?
Alexandra Dias: Pelotas recebe pessoas do Brasil inteiro em razão do Sisu-UFPel. Em razão disso, a cidade tem uma diversidade considerável em relação ao seu número de habitantes. A OUTRO Dances realizou audições para selecionar o elenco de CÃES. Esse processo deixou nítido o desejo da companhia de buscar um elenco de pessoas diversas. Aos poucos, essa característica ficou cada vez mais evidente. Gostaria de pensar que o grupo, dentro das suas condições que são limitadas, é um espaço que acolhe a diversidade e é, por isso, que estes artistas estão aqui.
E-Cult: CÃES explora o tema masculinidade. Como foi a pesquisa para traduzir isso sobre o palco apenas com o corpo dos bailarinos?
Alexandra Dias: A discussão sobre as masculinidades ocorreu num processo de aproximação com a corporeidade do cão. Isso acontece a partir de um trabalho que chamo de antropofagia no corpo o qual envolve um convite para a transformação e a exploração de espaços que são considerados tabus no corpo. As masculinidades em todas as suas possibilidades são exploradas sem amarras nestes corpos animais.
E-Cult: Será a terceira vez que CÃES entra em cartaz em Porto Alegre. Como foi a recepção do público nas apresentações anteriores e qual a expectativa para retornar a capital com esse espetáculo?
Alexandra Dias: A recepção sempre foi muito bonita em Porto Alegre. Isso se traduz nas casas lotadas todas as vezes em que estivemos lá. Penso que há um grande interesse nesse grupo tão diverso que vem de uma cidade do interior. A expectativa, agora, é trazer novamente a potência que a OUTRO Dances tem em seu elenco, pois é essa intensidade que queremos dividir com o público porto-alegrense.
E-Cult: Outra montagem da companhia, BITCH, foi exibida na Inglaterra? Foi a primeira experiência internacional do grupo e como surgiu o convite?
Alexandra Dias: Sim! Nesse momento escrevo a partir da cidade de Bath, na Inglaterra, onde estamos com o espetáculo BITCH que foi o início da trajetória da pesquisa da OUTRO Dances. BITCH se apresentou no dia 14 de setembro. Estamos aqui a partir de um convite da GALA – The Global Studies Association. Isso faz parte de um projeto do qual eu faço parte, juntamente com o professor e compositor Leandro Maia e a professora e artista Maria Falkembach que dança o espetáculo BITCH.
E-Cult: Pra finalizar a entrevista, o que a OUTRO Dances está preparando para o futuro? Quais são os novos projetos?
Alexandra Dias: O projeto, que recebeu o apoio do edital de intercâmbio do MINC, também inclui uma apresentação do espetáculo Guaipeca, de Leandro Maia. Nossa proposta é apresentar os espetáculos como performances antifascistas, trazendo uma perspectiva brasileira de resistência através da dança e da canção popular.
Jornalista, assessor de imprensa, apaixonado por cinema, artes e viagens.
Faça um comentário