Exposição: Campos de Acumulações Particulares


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Cada trabalho pode ser experienciado como um campo de ações, onde o gesto do artista determina, a partir de seus indícios, um percurso. Percurso este em que o trabalho é a marca do instante de sua parada, sinal de que uma duração está inscrita nele e, neste sentido, ele nada mais é do que a infinita possibilidade de um mais além. O trabalho, paradoxalmente, é um sendo.

O movimento é formulado a partir da imagem fixa, consistindo esse a partir o fundamento último de toda a imagem que se pretende crítica. Cada ponto, cada pequena forma ou pincelada, gera um grande terreno de instabilidades em relação a sua vizinhança, quer se apresente esse vizinho como uma ausência ou como uma presença. Isso acontece porque os alinhamentos, apesar de previamente dados, são variáveis de acordo com o ponto de vista daquele que observa e também atua. A atuação está na atribuição de novos sentidos, pois transforma a imagem fixa em uma imagem dinâmica, dialética essa que, sem síntese, só se torna possível com o atributo da forma aberta.

Ao artista não coube a definição nem tampouco as soluções dos problemas do mundo, mas é geralmente com surpresa que se constata como a subjetividade das imagens – e sua capacidade de percorrer as zonas obscuras do conhecimento – nos revela sempre e renovadamente a sabedoria da indeterminação.

É desse modo que os trabalhos se apresentam como campos indefinidos, onde grandes, pequenas ou minúsculas frações de formas acumuladas, mesmo tendo elas sentidos particulares, podem ser constantemente religadas, fornecendo-nos novos significados, novas constelações: um mundo sempre e eternamente reconfigurado.

Texto: Adriane Hernandez