Com quantos Paus se faz uma canoa?
Pois bem, a 37ª Feira do Livro de Pelotas aconteceu. Seu ponto positivo foi ser realizada apesar de tantos problemas que foram ao longo de cinco meses sendo resolvidos para que o maior evento cultural da cidade e região pudesse ser erguido em praça pública, palco de tantas outras edições realizadas.
Qual foi o principal diferencial?
O fato da Prefeitura, ou melhor, da Secult não estar envolvida diretamente com a postura truculenta de um cidadão que está como secretário de cultura e que nas últimas edições foi o centro e alvo de inúmeras queixas de livreiros, expositores, prestadores de serviços, funcionários públicos do município, visitantes, artistas e da produção cultural – parece que isso não foi levado em conta por alguns críticos de plantão – mas o que importa no projeto que foi concebido é, que alcançamos o objetivo primeiro de romper com o paternalismo e dependência que o evento estava tendo do poder público. Não se trata de inviabilizar ou dispensar a prefeitura do evento, ao contrário, somos gratos e reconhecemos o importante papel que a Prefeitura como poder público desempenhou ao longo das edições onde foi a responsável pela organização e programação. Mas estava na hora do evento ser assumido pelos principais interessados, os livreiros. A Câmara Pelotense do Livro assume desde já, o papel de realizadora, seja por força de lei municipal (lei 5.501 de 11 de novembro de 2008) seja pela condição que se criou no momento que se optou pelo enorme desafio de realizar um evento como a Feira do Livro, nos seus mínimos detalhes.
Mas é preciso considerar os bastidores – o que envolve uma organização de um evento como a Feira do Livro. São 16 dias de atividades, programação que precisa ser montada, coordenada e organizada. Sessão de autógrafos dos autores, expositores da praça da alimentação, livreiros, expositores de insituições, shows artísticos, exposições diversas, mobilizações de escolas e públicos, e toda uma infra-estrutura de segurança, fornecedores e prestadores de serviços e tudo isso sob uma coordenação geral. Mas como tudo isso foi realizado com poucos recursos que não chegaram a 50% do valor total do projeto? Pois bem, foram cinco pessoas, pasmem!!! Mas a Feira aconteceu por que cinco pessoas estiveram envolvidas no processo de agendamento, organização, produção do evento da feira. É verdade que envolvemos uma agência de comunicação para produzir o site e material de comunicação, mas isso é uma prestação de serviço, o grosso que é agendar, organizar e coordenar, foi realizado por 5 pessoas, tudo isso sob uma enorme pressão de todos os lados, principalmente de fornecedores preocupados com o cumprimento dos pagamentos por material fornecido e serviços.
Houve também, a atitude covarde de um grupo de representantes de uma instituição importante que se retirou da comissão organizadora por não termos um patrocínio para os seus devidos interesses de contribuição com o evento, deixando-nos com uma enorme responsabilidade na formação da programação de shows e atividades de palestras, visto que eram os responsáveis por tal, mas superamos com garra e determinação sem jamais nos abalar ou desistir como foi feito por este grupo que estava sob o comando do Senhor João Alberto, Coordenador de Comunicação da Biblioteca Pública Pelotense. O mais lamentável, é que foram pressionar depois de desistir de ajudar e ir conosco até o fim, que o espaço em edições anteriores cedido à programação da Biblioteca, fosse por nós bancado e ocupado por eles, já que tinha programado um show com um artista importante vindo do Uruguai, claro, queriam que a programação que montamos num único dia, depois da desistência fosse totalmente desconsiderado para privilegiar o seu – negamos é claro. Primeiro por que tínhamos um enorme sentimento de gratidão aos artistas que foram se apresentar sem cachê no evento, segundo, por que este grupo é o mesmo que vive da estrutura da prefeitura para se manter e ao mesmo tempo vivem denunciando atos da Prefeitura nos bastidores, como diz o ditado: come e depois vira o cocho.
Assim, fomos caminhando a cada dia com apreensão e o temor de algum problema maior, além da chuva durante quase toda a semana, prejudicando a visitação de escolas e o público, mas superamos tudo, e por fim, conseguimos concluir uma etapa importante, pois como disse anteriormente, o maior feito desta edição, foi ser realizada com poucos recursos e de forma autônoma, o que nos dá a condição de avaliar os erros, parcerias furadas, o papel da cobertura da imprensa, e é claro, a necessidade de planejar e organizar o evento com maior tempo de antecedência. Por fim, os livreiros venderam bem, mais de 40 mil livros vendidos, artistas se apresentaram e agradaram o público, não houve incidentes maiores, como em outras edições, espaços bem alojados, um saldo positivo para um evento feito sem apoio do empresariado local e com poucos recursos do Município.
Agora é iniciar o projeto da segunda etapa que é formatar o conceito que temos da feira numa nova proposta que atenda a maioria das reivindicações de quem apóia verdadeiramente a Feira do Livro de Pelotas. Creio que é este o resultado que desejamos divulgar junto ao público.
Agradecer aos Vereadores Eduardo Macluf, Eduardo Leite, Milton Martins pelo envolvimento e apoio ao projeto, a Paulo Ferreira pelo patrocínio do Banco Bonsucesso, do deputado Nelson Harter, Adilson Troca e Fernando Marroni por buscar apoios, independentes de terem ou não conseguidos. Agradecer a Lucimara Ferreira, Simone Moreira, Teresa Cunha, Tatiana por terem ajudado a viabilizar o evento, agradecer o apoio aos patrocinadores Universidade Católica, Banco Bonsucesso, Corag, Secretaria de Turismo do Estado e da Prefeitura através do gabinete do Vice-Prefeito Fabricio Tavares que foi responsável pela articulação do apoio da Prefeitura junto ao evento. Agradecer ao pessoal dos blogs e especialmente este site e a imprensa que nos ajudou a divulgar e debater um pouco os problemas de um evento que é maior que todos.
Por Carlos Ferreira – Produtor Cultural
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(53) 91063139
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Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.