Feira do Livro: E o Cachê? Resposta


feiralivropelA seguir, publicamos aqui o e-mail do Sr. Carlos Ferreira, Produtor Cultural da Feira do Livro de Pelotas, em resposta a cerca dos boatos, comentados em nossa matéria com o titulo: Feira do Livro: E o Cachê?

Prezado Deco Rodrigues,

Visitei o ecult.com.br e achei muito legal, quero desde já parabenizá-lo pela iniciativa e pelo conteúdo. Já está adicionado nos meus favoritos e estarei ajudando a divulgar.

Quanto aos boatos e polêmicas sobre o pagamento ou não dos cachês devo orientar e informar sobre os verdadeiros fatos.

Estamos trabalhando de acordo com o planejamento estratégico que elaboramos em 2007 e que a partir do ano de 2008, quando aprovamos a Lei nº 5.501, 11 de setembro de 2008, sancionada pelo atual Prefeito, onde diz que a realização da Feira do Livro é preferencialmente realizada no espaço da Praça Coronel Pedro Osório e pela Câmara Pelotense do Livro – Associação que reúne livreiros, editoras, gráficas, todos empresários ligados ao segmento do livro. A Câmara do Livro surgiu em 1996, por iniciativa desses empresários que desejavam discutir o mercado editorial, capacitação dos livreiros, projetos ligados ao fomento à leitura e é claro, sob a responsabilidade da realização da Feira do Livro. A Prefeitura Municipal, desde a origem da Feira em 1960, sempre foi um importante parceiro e realizador do evento. Em 1996, também quando foi criada a Lei de Incentivo à Cultura (LIC), os Produtores Culturais começaram a ter papel importante na elaboração e organização da feira, sempre com o apoio e participação da Prefeitura. Assim, por várias edições, os Produtores Culturais Beatriz Araújo (Bia) e Ubirajara Martins (Bira Martins) fizeram a produção e organização da feira através do encaminhamento e aprovação de projetos pelas Leis de Incentivo Estadual e Federal (Rouanet).

Em 2005, a Câmara do Livro, não teve projeto pela LIC e nem produtor cultural oficial, uma vez que a Beatriz Araújo deixará em 2002 a função de produtora do evento. Assim, passou a ser até final de 2004, Bira Martins, e em 2005, a Prefeitura foi à importante realizadora do evento, uma vez que não houve projetos aprovados a tempo de realizar o evento. Desde 2005 até o presente momento, não enviamos projetos, pois a Câmara do Livro precisava ser reestruturada e a feira formatada em novo formato de evento.

Assim Deco, a feira começou a sofrer, com o total controle da Prefeitura, uma ingerência que fragmentou o evento com diversos “organizadores”, sendo que a parte de programação artística e cultural ficou a cargo da Prefeitura, o problema é que o formato não estava funcionando de forma satisfatória, motivos de muitas criticas sobre a feira e a programação de palco.

A Câmara do Livro, através de uma gestão sem compromisso, permitiu que isso ficasse no estado que ficou. Mas em 2007 para 2008, mudamos a direção, aprovamos uma Lei Municipal e formatamos um projeto de planejamento estratégico, do qual estamos tornando a Feira do Livro um evento de referencia e abrangência regional.

Com isso, mudamos o formato de realizador da prefeitura, para apoiador cultural e por consequência, arruamos um problema de toda decisão de ruptura do sistema montado, ou seja, os cachês e custos que eram pagos pela Secult passaram a ser totalmente da produção cultural do evento, vulgo Câmara do Livro.

Por esta razão, a dificuldade e a falta de uma lei de incentivo local bem como de um projeto mais compacto fez com que tivéssemos as dificuldades que nos levaram a noticiar e publicar de forma transparente os fatos e as dificuldades, inclusive de viabilizar o investimento na programação tradicional dos shows no palco da feira. Isso nunca foi o desejo da Câmara do Livro bem como da produção em não pagar os artistas, ao contrário, somos favoráveis e desejamos resolver o problema, porém sem sermos irresponsáveis em afirmar ou se comprometer com algo que não iremos cumprir, caso não tenhamos o patrocínio que estamos buscando até o presente momento.

Estamos através do gabinete do Deputado Fernando Marroni buscando no Banco do Brasil, um apoio que possa viabilizar um valor mínimo de R$ 200,00 a R$ 250,00, como ajuda de custo e de forma simbólica, principalmente aos 34 participantes que foram sensíveis em nos ajudar a viabilizar a programação de shows.

Assim sendo, espero ter respondido de forma clara os fatos e deixar muito claramente que a Produção Cultural nunca pensou em não pagar cachê pra músico, assim como os demais profissionais que ajudam a fazer a feira do livro. Mas os bastidores, as dificuldades, os que deixaram a comissão organizadora na mão como o pessoal liderado pelo senhor João Alberto da Biblioteca Publica pelotense, pois foram eles que propuseram à temática e homenagens e queriam que a produção cultural pagasse a sua proposta de atração artística sem sequer permitir que os artistas pudessem se inscrever. Nós tivemos a coragem e a ousadia de desafiar e dar continuidade ao projeto que estamos trabalhando, sabemos das críticas e estamos preparados para esclarecer de forma urbana e civilizada os fatos realmente como eles são.

Att

Carlos Ferreira
Produtor Cultural
Feira do Livro de Pelotas 2009