Festival de Verão leva a diversidade à fábrica da Brahma


Por Roberto Soares Neves

Ensaiando seu retorno à vida oficial da cidade, a ex-fábrica da cervejaria Brahma, rebatizada Mercosul Cultural, sediou na última terça o 1º Festival de Verão da Diversidade. Criado a partir do programa Fronteiras da Diversidade, do governo federal, o festival utilizou o viés da arte para reunir expressões de diversidade sexual, étnica, racial, religiosa e inclusão social. Na programação, artes visuais, apresentações teatrais, música, audiovisual e até gastronomia. Foram seis horas de arte no espaço híbrido de salas e ruínas. E o e-cult esteve lá para conferir.


Ao ar livre se revezaram as atrações musicais, entre rock, reggae, rap e música brasileira, a griô Sirley Amaro, oficina de capoeira, entre outros. Nas salas recuperadas ficou a exposição e um espaço separado com exibição de vídeos de artistas locais. As performances e apresentações teatrais, entre os dois ambientes. Assim como o som, que vazava de um lado para o outro, criando uma poluição sonora que prejudicou o acompanhamento de algumas das atrações.


Os artistas, entre novos e antigos, como o professor e artista plástico Zeca Nogueira e o músico Dudu Freda, foram escolhidos em uma curadoria formada pelos próprios alunos. E o tema da diversidade se fez valer pela ausência de temas definidos. “Na verdade a diversidade está também na disponibilidade pra encontrar com o outro. A partir do lugar em que eu estou, com as linguagens de que eu disponho, me comunicar. A ideia de aproximar a diversidade da diferença, que é um conceito complicado também”, explica a professora da Faculdade de Educação Denise Bussoletti. Alunos da gastronomia contribuiram com sucos e sacolés de sabores misturados.

O público foi o próprio reflexo do festival, diversificado em idade e estilos. O reitor da UFPEL, Mauro Del Pino compareceu e discursou, mas também ficou por lá para prestigiar.

A professora conta que o grupo que organizou o festival é formado por aproximadamente trinta “agentes culturais para a diversidade”, alunos de vários cursos que fazem a ponte entre a universidade e os movimentos sociais.


“Nós fizemos vários vários eventos preparatórios pra culminar nesse aqui. Por exemplo, um deles tematizou a questão da diversidade sexual. Então todos os grupos LGBTs participaram do evento, vieram com as suas diferenças, pontuaram. Reclamaram, também, de o quanto a universidade pensa coisas e está distante da realidade, às vezes. Então essa é a nossa tentativa, discutir com os movimentos. Mas, mais do que discutir, aproximar, estabelecer um canal de relação, pra no final desse ano formar na universidade o que a gente chama o Fórum Universidade da Diversidade”.

Os trabalhos do grupo são baseados no tripé arte, educação e psicologia, na linha da história (onde se encaixa o local do festival). “A arte é uma das linguagens que nós compreendemos que nos possibilita pensar não só a vida, mas o que tem para além dela. A gente pensa que a educação precisa disso. E a universidade precisa muito disso também”, diz a professora.