Durante cinco encontros com entrada franca, que ocorrem em outubro e novembro deste ano, a Bienal 12 propõe a construção coletiva de saberes, discutindo temas como arte, cultura e feminismos.
Chegar, encontrar e aprender junto. Essa é a proposta do Território Kehinde, uma ação da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul formada por debates e rodas de conversa que propõem a construção coletiva de saberes. Durante os meses de outubro e novembro, a instituição promoverá cinco encontros gratuitos para discutir temas como arte, cultura e femininos em três cidades do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Caxias do Sul e Pelotas.
As atividades fazem parte do programa educativo da Bienal 12, que busca criar espaços de escuta e de troca entre o público em geral e agentes da educação, com diversas ações que estão sendo realizadas durante este ano. As inscrições podem ser feitas gratuitamente no site www.fundacaobienal.art.br.
“O Territorio Kehinde parte de um marco na literatura contemporânea brasileira, o romance Um Defeito de Cor e sua protagonista, para reunir mulheres, seus pensamentos, suas formas de invenção de mundo e as artes visuais contemporâneas. Culturas contemporâneas, femininos, raça, arte e educação são o mote desses encontros. São mulheres e alguns homens cujas vozes são indispensáveis para pensar o nosso tempo e esses atravessamentos”, explica o curador educativo da Bienal 12, Igor Simões, que participará de todas as mesas do projeto.
O primeiro encontro ocorre no próximo dia 8 de outubro, às 19h, no Centro Histórico-Cultural Santa Casa, em Porto Alegre, com a presença da curadora-chefe Andrea Giunta e da curadora Fabiana Lopes falando sobre os temas que serão explorados durante a Bienal 12. No mesmo dia, às 20h, as professoras Carmen Capra, Luciana Loponte e Celina Alcântara discutem os espaços educativos e as relações entre mostras, salas de exposição, salas de teatro e salas de aula. A segunda ativação também será na capital gaúcha, no dia 31 de outubro, com três rodas de conversa entre agentes da educação.
Caxias do Sul receberá o terceiro encontro do Território Kehinde. No dia 6 de novembro, às 19h, no Sesc, a discussão será sobre artes visuais e raça com participação da artista, educadora e curadora independente Renata Sampaio e do artista Xadalu, conhecido pela profunda relação com a cultura indígena no Rio Grande do Sul. No dia seguinte, 7 de novembro, será a vez de Pelotas receber o projeto, com um debate na Biblioteca Pública da cidade entre a historiadora da arte e ativista Izis Abreu e a professora Dedy Ricard falando sobre mulheres negras e arte.
O encerramento das atividades será com um quinto encontro, marcado para o dia 12 de novembro, em Porto Alegre, com ativações no Centro Histórico-Cultural Santa Casa e no Centro Cultural CEEE – Erico Verissimo. Confira a programação completa no serviço abaixo.
As atividades do programa educativo fazem parte da programação da Bienal 12. A mostra de arte contemporânea será realizada em Porto Alegre de 16 de abril a 5 de julho de 2020, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, no Memorial do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega, no Centro Histórico-Cultural Santa Casa e na Fundação Iberê Camargo.
A Bienal 12 tem patrocínio do Santander, copatrocínio do Banrisul, apoio de Unimed e Unicred, apoio institucional de Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, Memorial do RS, MARGS, UERGS, CHC Santa Casa, Fundação Iberê Camargo e Theatro São Pedro, realização do programa educativo pela Fecomércio / SESC RS e realização da Lei Federal de Incentivo à Cultura e da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul.
Programa Educativo da Bienal 12 – Território Kehinde
Entrada franca mediante inscrição prévia no site www.fundacaobienal.art.br
Cada atividade tem duração de 90 a 120 minutos
1º encontro – Porto Alegre
Dia 8 de outubro no Centro-Histórico Cultural Santa Casa
19h - Os Femininos e o Pensamento Curatorial da Bienal 12
Com Andrea Giunta e Fabiana Lopes
20h - Educativos, Mostras e Docências em Artes Visuais: Lugares de Criação
Com Carmen Capra, Luciana Loponte e Celina Alcântara
2º encontro – Porto Alegre
Dia 31 de outubro no Centro-Histórico Cultural Santa Casa
10h - As Instituições de Arte e os Educativos
Com Mônica Hoff, Carla Batista e Marga Kremer
14h - Mediações e Mediadores, Professoras e Professores
Com Mônica Hoff, Carol Mendoza e Larissa Fauri
17h - A Sala de Aula como Espaço de Criação e Sabotagem
Com Carmen Capra e Estêvão da Fontoura
3º encontro – Caxias do Sul
Dia 6 de novembro no Sesc Caxias do Sul
19h - Raça e Artes Visuais em Terra Brasil
Com Xadalu e Renata Sampaio
4º encontro – Pelotas
Dia 7 de novembro na Biblioteca Pública Pelotense
19h - Território de Mulheres Negras e a Arte
Com Izis Abreu e Dedy Ricardo
5º encontro – Porto Alegre
Dia 12 de novembro no Centro-Histórico Cultural Santa Casa
10h – Artes, Femininos e Pensamentos Contemporâneos
Com Daniela Kern, Élle de Bernardini e Mitti Mendonça
14h – Femininos e Cultura
Com Winnie Bueno, Joanna Burigo e Fernanda Bastos
Porto Alegre, dia 12 de novembro no Centro Cultural CEEE – Erico Verissimo
17h – Territórios de Kehinde
Com Ana Maria Gonçalves
Participação: Izis abreu e Dedy Ricardo
Patrocínio: Santander
Copatrocínio: Banrisul
Apoio: Unimed e Unicred
Apoio institucional: Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul, Memorial do RS, MARGS, UERGS, CHC Santa Casa, Fundação Iberê Camargo e Theatro São Pedro
Realização do programa educativo: Fecomércio / SESC RS
Realização: Lei Federal de Incentivo à Cultura e Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
Sobre o Território Kehinde
O romance Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves, é, desde seu lançamento em 2008, um marco na literatura contemporânea brasileira. Mas ele vai além. Estabelece-se como marca porque revela uma herança contínua da colonização e da eleição da sujeição e do direito de posse de humanos sobre humanos. Marco porque estabelece vínculos de uma memória que se acreditava, durante muito tempo, estar perdida e que reaparece como relâmpago necessário na lacuna de um registro sobre onde viemos e de qual lugar surgem nossas raízes. A escravização no Brasil não pode ficar relegada a experiência do passado. Antes disso, ela é elemento que atravessa nossas maneiras de pensar e de existir em uma sociedade assimétrica e, muitas vezes desumanizadora. No entanto, a obra desenha, inscreve, rasga lugares para ver a existência negra no século XIX brasileiro. Há ali negros que leem e criam estratégias de aprendizado, há o centro urbano tomado por homens e mulheres que se deslocam e negociam suas liberdades e aprisionamentos, há a vida da Bahia, do Maranhão, do Rio de Janeiro, de São Paulo.
Há sobretudo uma mulher que acende a própria vida, ascende e atende sob o nome de Kehinde. A personagem empreende de Savalu até o Brasil, dos Brasis até as Áfricas e Europas. Inventa formas de vida, olhos de ver e ser vista, morre algumas vezes, vive muitas, aprende e ensina. Kehinde é a mulher negra com suas táticas de existir: a astúcia, a atenção, o olho atento ao afeto não distante da luta e dos saberes. É a capacidade de criar territórios a cada chegada. Em uma mostra, no Sul do mundo, como a Bienal 12, que toma como ponto de partida e de chegada os femininos e a arte em seus tensionamentos e possibilidades de invenção, tomar a figura de uma personagem que está entre a vida e a ficção – entre a memória e a escrita de passados necessários e sobre a marca da mulher negra – vai além de uma homenagem. Significa estabelecer que a mulher negra tem poder em diferentes sentidos de ser a imagem de um mundo já vivido e aquele desejado.
Território Kehinde é a porção de um projeto educativo que toma essa mulher negra e suas criações de vidas como ponto do qual se empreende o encontro. Território Kehinde é lugar de mulheres e, algumas vezes, de homens também. Território Kehinde será durante a Bienal 12 tudo aquilo que se baseia no chegar, encontrar e aprender junto. Território Kehinde é uma roda de conversa. Territórios que se abrem em diferentes cidades sempre com convidadas, seus saberes e suas possibilidades de construir ali seus territórios e formas de aprendizado. Kehinde é deslocamento. Deslocamento de conhecimentos, de perspectivas, de certezas e construções do comum, da ordem do que é compartilhado. Kehinde é a imagem e a seta dos encontros que se dão ao longo de 2019 e 2020. Deslocar, conhecer e inventar são palavras que sustentam os territórios que se erguem a partir das vozes de nossas convidadas.
Sobre a Fundação Bienal do Mercosul
Criada em 1996, a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como missão desenvolver projetos culturais e educacionais na área de artes visuais, adotando as melhores práticas de gestão e favorecendo o diálogo entre as propostas artísticas contemporâneas e a comunidade. Ao longo de sua trajetória, a Fundação Bienal do Mercosul sempre teve como missão a ênfase nas ações educativas e os seguintes princípios norteadores: foco na contribuição social, buscando reais benefícios para os seus públicos, parceiros e apoiadores; contínua aproximação com a criação artística contemporânea e seu discurso crítico; transparência na gestão e em todas as suas ações; prioridade de investimento em educação e consolidação da Bienal como referência nos campos da arte, da educação e pesquisa nessas áreas.
Em 22 anos de existência, a Fundação Bienal do Mercosul realizou 11 edições da mostra de artes visuais, somando 615 dias de exposições abertas ao público, 74 diferentes exposições, participação de 1.759 artistas, com 4.849 obras expostas, intervenções urbanas de caráter efêmero e 16 obras monumentais deixadas para a cidade. Foram 6.061.698 visitas com acesso totalmente franqueado, 1.283.269 agendamentos escolares e 207.477 metros quadrados de espaços expositivos preparados, áreas urbanas e edifícios redescobertos e revitalizados. A Bienal do Mercosul contabiliza ainda 76.500 exemplares distribuídos dos catálogos das mostras, 298.000 exemplares de material didático produzido para alunos, professores e instituições de ensino, 216 patrocinadores e apoiadores ao longo da história e mais de 12.825 empregos diretos e indiretos gerados – além de seminários, conversa com o público, oficinas, curso para professores, formação e trabalho como mediadores para 1.893 jovens.
A Diretoria e os Conselhos de Administração e Fiscal da Fundação Bienal do Mercosul atuam de forma voluntária. Todos os eventos e ações da Fundação são oferecidos gratuitamente ao público, com recursos incentivados por uma grande rede de patrocinadores, parceiros e apoiadores.
Fonte: Roger Lerina /Jéssica Barcellos
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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