Jovens que transformam Pelotas com sua arte


O artista tem uma sensibilidade especial para criar uma obra ou atividade. Não existe uma classificação específica de quais são as atividades próprias de um artista.

Que Pelotas é uma cidade rica em cultura isso não é novidade para ninguém. Nessa cidade com uma vasta bagagem cultura, um conjunto histórico tombado pelo Iphan, encontramos muitos artistas que fazem parte dessa história e novos artistas que estão entrando em evidência nesse mundo. Seja na escrita, na música, na arte, pessoas com talento não faltam em Satolep.

Esse apreço pela arte em muitos casos começa a aparecer na infância e em alguns serve como refúgio para momentos difíceis. Através da arte as pessoas tem um espaço para se expressar e agora com a tecnologia podem ir muito mais além e atrair público através das redes sociais online, atualmente a rede que mais traz visibilidade para os jovens artistas é o Instagram.

Se envolver com a arte, nas suas mais diversas modalidades, pode ser só uma fase do indivíduo ou aquilo com que ele realmente quer trabalhar e viver. A família está muito ligada na questão de servir como inspiração ou acabar frustrando a pessoa em relação ao seu “sonho”.

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Arquivo Pessoal – Guilherme (guinr)

No caso do Artista Visual e Bacharel em Design Gráfico, Guilherme Nunes da Rosa, 28, no início sua família achou que era uma fase, depois de um tempo viram que não era isso e começaram a questioná-lo para saber se era isso mesmo que gostaria de fazer, “com o passar do tempo consegui conquistar o apoio de todos e minha mãe meio que me dava um norte para eu fazer a coisa certa. A partir do momento que a gente faz o que quer, a gente tira dinheiro com o que a gente quer”, destaca Guilherme.

Quando o assunto é inspiração os entrevistados Ana Júlia Nachtigal (fotógrafa), Ana Luisa Mansor (artista visual), Jonathan Bilhalva (escritor) e Guilherme Nunes da Rosa (artista visual, designer), mostram que ela já vem de casa, a maioria teve como maior inspiração seus pais, lá na infância ou adolescência, até descobrirem o real apreço pela arte.

No caso de Jonathan a inspiração vem de seu avô que era escritor, Jonathan escreve muito sobre amor e afeto, para ele o que satisfaz o ser humano é o afeto. Assim, o jovem escritor contou que por ser criado por 4 mulheres, elas deram a ele sensibilidade necessária para conseguir escrever e falar abertamente sobre seus sentimentos. “O amor que minha mãe tem em mim é a maior inspiração para minha admiração ao sexo feminino e observar o que as mulheres são capazes de transmitir”, ressalta Jonathan.

Foto: Ana Júlia Natchigal

As mulheres não inspiraram só o Jonathan, a fotógrafa Ana Julia teve como maior inspiração sua mãe, a qual também é fotógrafa, no início da carreira de sua mãe Ana achava que queria ser modelo, porém “quando minha mãe se tornou fotógrafa profissional a uns 4 anos, eu comecei a ver que a graça toda tava do outro lado da câmera. Em criar e pensar na pessoa e com o que ela combina e como fazer ela se sentir bem. Me inspiro em músicas, em lugares, em pessoas, em cores e em tudo que eu gosto, e o que mais amo é fotografar mulheres em todas as suas fases e estilos e jeitos, é o que mais amo e mais me inspira”, conta Ana Julia.

Ana Luisa Mansor

Nem todos sabem, mas a arte pode servir como terapia. A arte terapia é uma forma de terapia expressiva que utiliza o processo criativo para melhorar o bem-estar físico e psicológico do indivíduo. A artista Ana Luisa Mansor, diga se Analua, ao ter uma fase difícil em sua vida viu na arte uma forma de se expressar e ficar melhor.

A jovem relatou que no início só desenhava por desenhar mesmo, “com 15 anos eu comecei a desenhar mais “a sério”, por incentivo de uns amigos meus, mas ainda não via isso como algo importante na minha vida. Em 2015 eu tive um ano bem difícil, foi uma fase bem depressiva da minha vida por conta de vários fatores, e foi aí que a arte entrou de vez na minha vida”, Analua percebeu que o que ela fazia se tornaria uma terapia, entrou em contato com artistas como a Frida Kahlo, a qual virou uma grande referência para ela e começou a estudar um pouco mais de arte.

O instagram é uma galeria aberta dos artistas, na rede social eles expõem seus trabalhos, pela maioria ter um público jovem fica mais fácil essa aproximação. Através do aplicativo eles podem tanto receber elogios como críticas, coisas que façam com que melhorem ainda mais seu trabalho. O público acaba se envolvendo com o artista, por ser uma rede social em destaque na atualidade, muitos descobrem o artista através de amigos etc. Analua confirmou isso “o principal meio que eu alcanço as pessoas, e sempre recebo mensagens de como elas vêem meus desenhos e pinturas como algo sensível e cheio de sentimentos, o que é bem verdade, eu acho”. Guinr também abordou a ferramenta instagram como um meio popular de divulgação.

Para alguns desses artistas sua marca está na rua, Jonathan, por exemplo, espalha adesivos com suas poesias pela cidade, ótimo para quem diz que não tem tempo para ler, a pessoa pode estar parada esperando o sinal abrir e nesse meio tempo se pegar lendo algo do escritor, grudado em um semáforo, poste, etc.

Guilherme expõe muito do seu trabalho pelos muros e paredes da cidade, para ele pintar na rua é a forma mais direta de arte com o público, todo mundo tem acesso. O seu primeiro personagem “Narigas” está espalhado por todos os cantos da cidade. Nesse mundo do grafite, ter um personagem é ter uma marca para ser reconhecido na rua e respeitado pela galera do grafite. Além disso, o personagem é mais uma coisa para se soltar, soltar o traço, soltar a tinta. Uma coisa libertadora.

Cada um tem sua história e identidade com arte nas suas mais diversas modalidades, mas todos fazem o que amam e cativam seu público com isso. Arte é cultura e isso deve ser cada vez mais valorizado e estimulado desde a infância, na escola. A arte na escola colabora na formação do indivíduo, pois o torna um ser mais crítico e reflexivo.

No nosso país a arte não é vista como algo importante, mas sim algo secundário. Essa escassez de incentivo nas escolas e dentro do próprio grupo familiar é um dos principais fatores que ocasiona essa deficiência cultural nos indivíduos. Para que ela seja valorizada, é importante modificar o pensamento da sociedade para que a arte não seja considerada uma cultura secundária.

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Conheça os artistas:

Ana Júlia – Foto: Rejane Ferreira

Ana Júlia Natchigal, 20, fotografa a 2 anos, como já citado acima teve como inspiração sua mãe, Rejane Ferreira, a qual sempre lhe fotografou muito quando Ana era mais nova. A jovem fotógrafa junto com sua mãe inventava ensaios, roupas e faziam cenários, enfim sempre foram muito ligadas a isso. No auge dos seus 15 anos, Ana achava que queria ser modelo porque amava fotografia e ser fotografada.

Um tempo depois Ana Júlia percebeu que tinha mais apreço em estar do outro lado da câmera, “e foi isso, fazem 2 aninhos que me apaixonei pelas lentes e por criar junto com outras pessoas”. Atualmente ela está em busca de reconhecimento, experiência e criar seu “nome” na cidade. “Até agora, a 2 anos fotografando ainda não consigo cobrar o que eu acho que vale é o que a maioria dos fotógrafos que já tem nome cobram, mas acho que a experiência que eu vou adquirindo vale muito muito mais do que a grana”, completa a fotógrafa.

Ana possui muita visibilidade entre as mulheres pelotenses e da região, a maioria do seu público é feminino, de acordo com a fotógrafa ela recebe muitas mensagens de gurias que queriam muito fazer mas não tem auto estima suficiente, ou que querem fazer pra se sentirem mais seguras, e quase todas tem alguma história pra contar. “O ensaio é quase como um rito de passagem sabe? Para se conhecerem e aprenderem devagarinho a se amar, se ver com outros olhos e tal.”, relata Ana Júlia.

Acompanhe o trabalho de Ana nas suas redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/ananachtigal
Instagram: @ananachtigal

Ana Luisa Mansor – Arquivo Pessoal

Ana Luisa Mansor, estudante do curso de ciências sociais, é do interior de São Paulo e veio para Pelotas para estudar, Analua ficou impressionada com a receptividade que a cidade teve com ela, percebeu que conseguiu expandir bastante seu trabalho na cidade, sua primeira intervenção artística em Pelotas foi um grafite que fez Galpão Satolep em 2017. Em 2018 a artista foi chamada para participar da sprays sons, organizada pelo Bero Moraes, que tem um grande nome na cidade. “Eu acho que eu devo muito do que eu consegui até agora de visibilidade à galera da arte de Pelotas, consegui fazer contato com muitos artistas maneiros da cidade e eles além de me ajudaram a impulsionar meu trabalho, me ajudaram a aprimorar ele também, mostrando técnicas diferentes e tal”, relata Ana.

De acordo com Ana, ela desde pequena gosta muito de desenhar e pintar, sua mãe sempre estimulou isso e ela se lembra de ter por volta de 12 anos e desenhar personagens de histórias que gostava e coisas do tipo. No início ela só fazia desenhos mesmo, mas depois começou a ler mais sobre arte, se arriscou nas pinturas, principalmente com tinta a óleo, que é o que ela mais gosta de fazer atualmente.

Em 2016 Ana começou a se envolver com o Hip Hop através de um coletivo que ela participava na sua cidade Lorena SP, o coletivo Saudosa Maloca. “A partir daí eu me apaixonei pelo grafite e adicionei mais essa “modalidade” nas minhas práticas artísticas”.

Analua contou que nunca fez aula de desenho/pintura, nem nada do tipo, suas produções são bem intuitivas e saem quando ela está inspirada. Ana não se preocupa muito com a técnica, apesar de atualmente estar estudando algumas coisas para conseguir explorar mais suas habilidades. Por fazer ciências sociais na UFPel, Ana Luisa conseguiu fazer 2 semestres cursando algumas disciplinas do curso de Artes Visuais, o que lhe colocou em contato com vários artistas.

Acompanhe o trabalho de Analua nas suas redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/analuartx
Instagram: analua____

Foto: Paula Paz

Guilherme Nunes da Rosa, 28, Artista Visual, Bacharel em Design Gráfico, tem um trabalho voltado ao Graffiti e Street Art, tendo explorado diversos procedimentos técnicos das manifestações oriundas desse universo. Segundo o próprio Guilherme, ele sempre gostou de desenhar em casa, com um estímulo da sua mãe que pintava e seu pai que gostava de construir as coisas. Isso o estimulou no processo de criar, onde ele mesmo pode criar as coisas. “Assim, fui buscando as coisas que gosto de fazer, indo atrás das referências, como andar de skate, onde o skate me levou a esse universo da street art, me conectava com as pessoas que usavam marcas, as quais tinham as sua identidade na rua”, contou Gui.

Ele começou a incorporar isso na sua personalidade, começou a usar roupas estilo skatista, começou a andar de skate, curtir hap, todas essas influências desse movimento hip hop contra cultura. Através de suas influências, o jovem artista ampliou suas técnicas e modalidades, não se prendeu a só um método “Comecei a pintar, a partir disso fui percebendo que posso encaixar meu trabalho em outros lugares, não só pintar na rua. Parti para as pinturas de quadros, com a formação em design tive a possibilidade em pintar na casa de clientes”. Para Guilherme, um trabalho de identidade visual é tu se adaptar, não só fazer seu trabalho com a tua identidade com o teu traço, mas também de agregar com a identidade da pessoa.

O artista já realizou mostras coletivas e individuais, além de ter participado de encontros nacionais e internacionais, tais como MeetingofStyles, Street ofStyles, Pixel Show, R’s e N’s de design. A inspiração para os traços com a lata de spray vem da conexão com as pessoas

Acompanhe o trabalho de Guinr nas suas redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/guilhermenunesrosa
Instagram: @guinr

Foto: Guilherme Schmidt

Jonathan Bilhalva, 23, tem esse apreço pela escrita desde sua infância, com um avô escritor não lhe faltou inspiração. Na época da escola gostava muito das aulas de literatura, começou a se ler Vinicius de Moraes e sua maior vontade era escrever sonetos como ele. Anos depois teve a oportunidade de fazer aulas de escrita criativa, para aperfeiçoar esse talento.

O jovem escritor relata que sempre gostou de escrever e acredita que todo tipo de criação artística e a própria escrita, é umas das demonstrações mais honestas de amor do ser humano. “A arte é sincera, não usa máscaras. O afeto sincero de palavras pode mudar dias, semanas, meses e até vidas. E eu sempre que posso estou escrevendo. Eu tenho uma empatia tão grande a ponto de me inspirar mais pra escrever sobre terceiros do que situações autobiográficas.”, completa Jonathan.

De acordo com ele, escrever é um momento particular de liberdade e mostra o quanto o afeto está presente na sua vida. O que mais lhe motiva é sentir suas ideias criarem forma e chegar a um resultado final. Seja nas poesias ou crônicas.

“Consigo ter uma sensibilidade maior com o gênero feminino e naturalmente acredito que quem mais se identifica são elas. Elas, pois, são sempre temáticas para os meus escritos. Acredito que as maiores criações são femininas, e isso transparece em forma de agradecimento e reconhecimento na minha escrita”, como já citado no texto acima Jonathan por ser criado por 4 mulheres conseguiu desenvolver essa sensibilidade ao falar de sentimentos e isso ele espalha por todos os cantos da cidade, através de seus adesivos.

Acompanhe o trabalho de Jonathan nas suas redes sociais:
Facebook: www.facebook.com/se7imanuvem
Instagram: @se7imanuvem

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