Livro conta a história do Mercado Central de Pelotas


Foto: Paulo Rossi

O mercado pelotense é o mais antigo remanescente entre esses tradicionais pontos de comércio no Brasil e sua trajetória é apresentada na obra do jornalista Klécio Santos.

Depois de sofrer com a Revolução Farroupilha, a retomada do desenvolvimento de Pelotas coincide com o surgimento do Mercado Central. Em 1846, a Câmara Municipal autoriza a compra do terreno na zona central onde havia apenas o comércio ambulante de quitandeiras. A edificação do prédio, um quadrado com ares de fortaleza, começa em 1849. São quase 170 anos de história reconstituída na obra de Klécio Santos. O livro será lançado nos dias 1º/12 às 19h no Bah, em Porto Alegre; 4/12 às 19h no Mercado Central de Pelotas e 9/12 às 19h na Livraria Vanguarda (Shopping Pelotas).

O livro

Foto: Paulo Rossi

Resultado de dois anos de pesquisa, o livro traz detalhes e curiosidades sobre a vida dos autores dos primeiros rascunhos do projeto de construção: Rafael Mendes de Carvalho, exímio desenhista e caricaturista da revista de humor A Lanterna Mágica, primeira do gênero no Império, e o arquiteto Roberto Offer, cuja planta foi adotada, e que também foi um dos pioneiros da fotografia no Estado.

Ao longo de 152 páginas coloridas, em formato álbum, papel especial e capa dura, o livro também contém documentos assinados pelos primeiros governantes da Província de São Pedro, como Duque de Caxias, obtidos nos acervos da Bibliotheca Pública Pelotense e Arquivo Histórico do Estado. Traz ainda relatos de viajantes que retrataram o Mercado em suas passagens pelo Sul. Recupera o período em que o Mercado era palco de apresentações mambembes e celebridades da época como a equilibrista Maria Spelterini, a primeira mulher a cruzar as cataratas do Niágara.

A história
Dos primitivos prédios erguidos no século 19, o Mercado Central de Pelotas é um dos únicos que não foi demolido e preserva o mesmo espaço físico, apesar da reforma realizada entre 1912 e 1914. À época, sofreu uma grande intervenção com a colocação de uma armação de ferro inspirada na Torre Eiffel, trazida da Alemanha, estrutura construída nas usinas de Luneburgo e trazida a bordo do navio Sieglinde, da Companhia Hamburgueza, que fazia a rota pelo Atlântico. Cheio de minúcias, o livro de Klécio Santos também traz detalhes sobre o impacto da Revolução de 23 entre os proprietários de bancas no Mercado e a guerra pela “carne verde”, in natura, que existia em Pelotas, em paralelo à atividade das charqueadas. Em 1969, um incêndio destruiu parte do Mercado, tragédia também retratada no livro, cujo lançamento coincide com a ocupação das bancas, após a última reforma realizada com recursos do Projeto Monumenta.

O autor
Graduado em Jornalismo pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel), com especialização em Patrimônio Cultural no Instituto de Letras e Artes (ILA) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Foi correspondente, colunista de Zero Hora e Diário Catarinense, editor-chefe da Sucursal em Brasília e executivo do Grupo RBS entre 1995 e 2014. Antes, atuou nos jornais Agora (Rio Grande), Diário da Manhã e Diário Popular (Pelotas) e Correio do Povo (Porto Alegre). É autor de Sete de Abril, o teatro do imperador, lançado em 2012 pela editora Libretos

A equipe

Foto: Paulo Rossi

O livro conta com fotos exclusivas de Paulo Rossi, que retratou as obras e a vida interior do local nos últimos anos, além de seus arredores, palco de uma feira de antiguidades e da Feira do Livro de Pelotas. Sob o selo da Fructos do Paiz − criado pelo escritor Aldyr Garcia Schlee −, a edição é de Pedro Haase Filho, da Quati Produções Editoriais, com o livreiro e escritor Adão F. Monquelat à frente da pesquisa.O projeto gráfico do livro leva a assinatura do designer Flávio Wild e o prólogo é da lavra do psiquiatra e escritor boliviano José Wolfango Montes Vannuci, vencedor do prêmio Casa de las Américas em 1987 e morador de Pelotas.

Com patrocínio da Souza Cruz, por meio do financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura, o livro tem ainda o apoio da Celulose Riograndense, Bibliotheca Pública Pelotense e Prefeitura Municipal de Pelotas. A produção executiva é da Maestra Comunicação e Cultura, com apoio local da Ato Produção Cultural e Voto.

Trecho do prólogo de Montes Vannuci:
“O Mercado daquela época era um microcosmo, era feira, era teatro, circo, palco de desfiles, ponto de encontro, todos os mundos convergiam àquele espaço, era o lugar privilegiado em que as classes sociais se tocavam. Depois de reviver essas preciosidades, alguém pensa: o supermercado foi o engenho maligno que acabou com algo maravilhoso…Klécio, com sua experiência de jornalista, agarrou essa matéria antiga e ainda palpitante e com ela construiu esse livro, apoiado em seu talento de um historiador de fato…”.

Lançamentos
Dia 1/12 às 19h no Bah (Porto Alegre) – Av Diário de Notícias, 300 – térreo – Barra Shopping Sul
Dia 4/12 às 19h no Mercado Central (Pelotas) – Praça 7 de Julho, 179 – Centro Histórico
Dia 9/12 às 19h na Livraria Vanguarda (Shopping Pelotas)