O som invadia à tarde. Um sax tenor… A Ave Maria de Schubert… Quando me aproximei do saxofonista, percebi que algumas pessoas diminuíram o andar, embevecidas pela música que engolia o movimento da cidade. Eu próprio, enquanto caminhava, enxerguei-me em casa, guri, na companhia de minha mãe, ouvindo através das ondas do rádio a mesma melodia que amansava à tarde, evocando espiritualidade.
Parei diante do músico, olhando-o. Percebi que ele se entregava ao instrumento de uma forma apaixonada, fazendo-o suporte às boas lembranças. Ao seu redor a energia musical, promovendo prazer e alegria. Senti vontade de sorrir, raptado pela melodia que me jogou de cabeça no passado.
Pablo Arrigonni. Eis o nome do saxofonista que tocava sax tenor à entrada da Galeria Central, na Rua Quinze de Novembro. Formado no conservatório de Música do Uruguai e na Escola de Música do Exército Uruguaio, Pablo vive em Pelotas desde 2006. Disse que chegou à cidade para visitá-la e não mais a deixou. Chegou à companhia de sua esposa, fez amigos no universo musical, e hoje vive da música e para a música.
Além de tocar na rua, em bares, shows e apresentações particulares – festas, casamentos e etc., Pablo dá aulas de saxofone e violão, com amplo conhecimento de guitarras, piano, bateria e baixo. Uma característica o distingue, entre outras… É afinador de pianos. Quando ele se referiu a isso, fiquei surpreso, porque à minha fantasia um professor de piano seria um sujeito velho, barbudinho, cachecol à volta do pescoço, orelhudo e de olhar elétrico.
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Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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