Paulo Fontoura Gastal (1922-1996), pelotense considerado o maior crítico de cinema que o Rio Grande do Sul já teve, e cultuado entre os cinéfilos de todo Estado, em especial Porto Alegre, onde há mais de quinze anos existe em homenagem à P. F. Gastal uma sala de cinema mantida pela Secretaria Municipal de Cultura.
A informação atual é que, por determinação da prefeitura municipal de Porto Alegre, nos próximos dois meses, a sala deve funcionar apenas aos fins de semana, devido o interrompimento da renovação dos contratos dos funcionários da sala P. F. Gastal, em virtude de um decreto, assinado no dia 18 de março pelo prefeito e pela procuradora-geral do município, que congela a liberação de verba para “gastos extras”.
Grupo se mobiliza pela manutenção da sala e não concorda que a renovação dos contratos de funcionários essenciais para o funcionamento de uma sala que atua há 17 anos possa ser considerado um gasto extra.
CARTA ABERTA EM APOIO À SALA P. F. GASTAL *
* Fonte: pfgastalresiste
Na iminência do fechamento da Sala de Cinema P. F. Gastal, vimos, por meio desta carta, manifestar insatisfação e defender, assim, sua manutenção e preservação como patrimônio cultural e imensurável, reivindicando que sejam tomadas todas as medidas necessárias para que a mesma dê continuidade ao seu funcionamento regular após o encerramento da mostra “Nuevos Cines: Mostra de Cinema Contemporâneo Argentino”, que faz parte das sessões comemorativas da semana de aniversário de Porto Alegre. Ressaltamos, também, a urgência da continuidade imediata de sua programação já a partir do dia 12 de abril, sem pausas, interrupções ou fechamentos temporários, tendo em vista que uma programação regular é essencial para a manutenção do público.
Inaugurada em 25 de maio de 1999, a Sala P. F. Gastal é o primeiro cinema da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. Desde então, exibe grande parte da produção cinematográfica contemporânea, além de produzir mostras históricas e exibições de filmes raros. Há 15 anos a sala também abre espaço para o cinema gaúcho, por meio da realização de sessões especiais, programas de curtas-metragens e importantes festivais, tornando-se, desta forma, eixo vital na distribuição e na difusão de obras produzidas dentro e fora do estado. A continuidade das atividades da Sala P. F. Gastal, portanto, é essencial para o reconhecimento da cultura local e para a descoberta de novas cinematografias, muitas vezes desconhecidas e de difícil acesso, por não percorrerem o circuito comercial. Historicamente, a Sala P. F. Gastal perpetua o encontro de profissionais, estudantes e cinéfilos da nossa cidade, propiciando um ambiente de intensa pesquisa e debate. Além disso, o valor popular do ingresso garante o acesso de todo cidadão porto-alegrense ao cinema. Desse modo, garantir o pleno funcionamento da Sala e dos demais equipamentos culturais caros à cidade, é não só preservar a identidade cultural local, mas permitir o acesso à diversidade de produção presente nos maiores centros culturais do país.
Consideramos que o mérito e relevância da Sala P. F. Gastal e dos demais espaços culturais geridos pelo Município – como a Cinemateca Capitólio e o Teatro Renascença, entre outros – devem ser considerados, e a sala deve ser tratada com a atenção que merece, devido à sua importância educativa, cultural e afetiva para a cidade. Entendemos que é responsabilidade do Poder Público Municipal o mantenimento destes espaços, bem como a garantia da qualidade de infraestrutura e programação.
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Quem foi Paulo Fontoura Gastal
Nascido em Pelotas, o jornalista Paulo Fontoura Gastal, responsável pela formação de várias gerações de cinéfilos, começou a publicar seus artigos em 1941, passando pelos mais importantes veículos de imprensa do estado. Principal mentor do Clube de Cinema de Porto Alegre, que ajudou a criar em 1948, e um dos idealizadores do Festival de Gramado, P. F. Gastal, como era conhecido por seus leitores e admiradores, encarava o cinema como a maior de todas as artes e notabilizou-se por defender o filme de autor diante das exigências do cinema comercial.
Editor, gestor de conteúdo, fundador do ecult. Redator e pretenso escritor, autor do romance Três contra Todos. Produtor Cultural sempre que possível.
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