Artigo: A projeção de imagens remotas no délibáb de Vitor Ramil


rosto-de-leao-na-praaa-cel-pedro-osario-em-pelotasEm Pesth, então capital da Húngria, Mihály Kiss buscou um modo de traduzir para o francês a palavra “délibáb”. Ele elaborava o seu Zsebszótár Franczia-Magyar és Magyar-Franczia e precisava de uma expressão que traduzisse o fenômeno que havia em seu país. Quando em 1844 foi publicado o Novo dicionário de bolso de francês-húngaro e húngaro-francês, o verbete “délibáb” surgiu como sinônimo de “fata morgana”. Mihály voltara, assim, sua visão para o sul e fizera referência a um fenônemo percebido no Mediterrâneo, mais propriamente no Estreito de Messina.

Navegadores que cruzavam entre a Calábria e a Sicília contavam, já na idade média, que teriam visto castelos fantásticos levitando na bruma. Sem saber como aquilo ocorria, eles atribuiam a fada morgana o poder de fazer flutuar os palácios. Tratava-se de um fenônemo, visto no mar, semelhante àquele que os húngaros vêem na planície. Uma miragem. De um dicionário de 1844 para um guia de viagens francês de 2009, Hélène Bienvenu busca explicar o que é o “délibáb” àqueles que percorrem a Húngria: “Durante o periodo mais quente do verão, quando o sol atinge o zênite e abarca todo o horizonte, podemos ver os délibáb ou as ‘figuras do meio-dia’. São miragens produzidas pelo calor, um fenômeno natural estranho que pode ser observado sobre as vastas planuras sem limite e que dá a ilusão de vermos a imagem de pequenas cidades distantes (…) transformando-se em torres e castelos imaginários” (Le petit futé Hongrie).

No Brasil, Vitor Ramil chamou a atenção para o fenômeno ao escrever em sua obra Satolep, publicada em 2008:

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Luís Rubira*
* Doutor em filosofia pela USP. Professor Adjunto da UFPel.